sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Velho Amieiro decepado e Vespas Crabro.

Junto ao Bosque de Linhares, quando após o caminho se vira em direcção ao posto de observação ambiental (aquela muito útil edificação em madeira, com painéis exemplificativos das várias espécies animais que povoam a nossa Veiga e que alguém com muito pouca inteligência, para não dizer nenhuma, fez questão de destruir, pelo menos um deles) encontra no seu meio um velho Amieiro, a mostrar alguma decrepitude, assim como a via que segue em direcção ao já citado posto. Aliás, encontrava pois, com os preparativos para o Milheiral, descobriu-se que o mesmo tinha sido atacado por um espécime minúsculo (ao mesmo tempo grande, já vão perceber porquê) mas que actua em grupo e quando o faz, revela-se letal! A pobre árvore encontrava-se num sofrimento atroz e (até nem parece meu), tenho de afirmá-lo, foi bem decepado. No seu interior foi descoberto um favo de Vespas, não as Vespas comuns a que estamos habituados (e infundadamente tememos) mas sim, Vespas gigantes, cientificamente conhecidas por Vespas Crabro. Este tipo de insecto, voraz predador que habita por toda a  Europa e partes da Ásia, alimenta-se de outros insectos, preferêncialmente abelhas e das suas colmeias, para se alimentar do mel. Têm por hábito criar ninhos nos troncos de velhas árvores devolutas ou mesmo mortas, como o caso deste velho Amieiro, das quais se alimentam. Num dos pontos mais baixos do seu caule um buraco com cerca de dez cms de abertura foi o suficiente para que este insecto, que é a maior vespa que povoa o nosso Continente (daí ter dito atrás, pequeno mas ao mesmo tempo grande) atingindo facilmente os 3,5cms de comprimento e uma envergadura de asas de quase seis, se instalasse na base do tronco e criasse o seu ninho composto por gigantescos favos com milhares de larvas (fase embrionária da vespa adulta) e este apresentava já podridão assinalável, condenando-o a uma morte lenta e agonizante. Ainda por cima com o perigo que representava para todos que circulam por aquelas zonas. Na época que vivemos e o pico do Verão é quando as larvas abandonam os casulos, neste caso favos, transformando-se em zangões gigantes. Daí estarem tão activas, por estes dias.
Já tive oportunidade de fotografar o exemplar e as suas incríveis inquilinas e, aconselho todos os que com curiosidade queiram ver a ter cuidado pois, este tipo de insecto, tal como as abelhas e outros insectos, são de uma territoriedade a toda a prova e atacam quem se lhes surja pela frente, desde que o considerem um potencial perigo para o ninho.

Fotografias de pormenor do Amieiro decepado e das Vespas Crabro, ou gigantes.


O tamanho descomunal do favo (destruído) com as larvas no seu interior.


Pormenores do buraco no Amieiro que serviu para instalar o ninho. Dois soldados estão à porta.


Pormenor do tamanho descomunal deste tipo de Vespas.



O que resta do velho Amieiro.

A árvore foi decepada mas as Vespas continuam por lá. Atenção uma vez mais porque são extremamente territoriais e na presença de perigo atacam ferozmente, o seu zumbido então é assustador, uma veio em direcção a mim a uma velocidade estonteante, tive automáticamente de me afastar. A picada do seu ferrão inócula veneno, que para nós humanos não representa muito perigo, apenas uns inchaços para alguns dias mas, para quem seja alérgico(a) e não seja tratado(a) a tempo, a reacção a desenvolver pode resultar, em casos mais extremos, em morte. Com as crianças então, todo o cuidado é pouco!

Como curiosidade posso afirmar que esta espécie tão temida pelo Homem (infundadamente) em certos locais de Europa, foi caçada ferozmente e quase levada à extinção, tudo baseado em falsos mitos. Em Portugal, para quem não saiba, são bastante comuns, apesar de não ser endémica, pensa-se tenha sido importada conjuntamente com as importações vindas da Ásia, para o nosso Continente, nomeadamente em carregamentos que traziam flores orientais.

É uma espécie que controla bem certas pragas de insectos mas que infelizmente tem um "fetiche" incontrolável por abelhas e mel, podendo em poucos minutos destruir uma colmeia inteira de milhares destes insectos tão úteis para o Homem.

Aqui em Lanheses, espero não se transformem em praga, aguardemos o Inverno, quando muitas hibernam ou a sua actividade tende a fortemente cessar! Entretanto, vejam mas, cuidado...bzzzzzzzzzz...


2 comentários:

  1. Mais uma vez, obrigado pelo trabalho de informação realizado, desta vez à volta das Vespas Crabro e do Amieiro que lhes servia de abrigo. Apenas um pequeno pormenor complementar: o abate da árvore ocorreu só depois de 3 deslocações dos bombeiros municipais que, com equipamento adequado (autotanque, vestuário e "pingalume") tentaram resolver o problema. Por razões de segurança e dado, como disse, o estado da árvore, condenada a "morrer", foi pacifica a decisão de "cortar o mal pela raiz". Ontem à tarde, voltei a passar por lá e já não vi/ouvi as vespas, o que me deixou mais descansado. Abraço

    ResponderEliminar
  2. Caro amigo, eu ontem ao fim do dia estive lá a vê-las e continuavam no buraco da infeliz árvore. Uma simulou um ataque fortíssimo e tive de me afastar por momentos.

    Acho que devemos dar atenção à sua ocorrência, numa área bastante concorrida.

    Abraço amigo

    Sérgio Moreira

    ResponderEliminar