quarta-feira, 5 de outubro de 2011

5 de Outubro de 2011.

Cento e um anos nos separam hoje, do dia 5 de Outubro de 1910 e Portugal está em termos económicos, assim como sociais, precisamente, como há cento e um anos atrás, ferido, frágil e falido!

Aproveitando o desgaste da Monarquia motivado pelo clima de pessimismo que se vivia então; pela subjugação às pretensões coloniais inglesas (vide Ultimato Inglês e Mapa Cor-de-Rosa), pelos gastos da família Real, pelo clima de alta instabilidade social e política, pelo poder que a Igreja detinha, pela alternância política de então entre progressistas e regeneradores a dividir o poder (tal e qual como hoje, com dois partidos a revezarem-se na condução dos destinos da nação) e pelo clima de insatisfação e percepção da dificuldade em acompanhar os tempos modernos e a sua evolução; o Partido Republicano Português, em Golpe de Estado (que correu muito bem e com muita sorte à mistura, à boa maneira Lusitana), derrubou o sistema Monárquico, para ser implantada a República!

O que mudou nestes cento e um anos de vida da República? Tudo! O Mundo modernizou-se, industrializou-se (para níveis muito preocupantes), perigosamente globalizou-se e Portugal, se analisarmos os gráficos de vários analistas, continua como há cem anos, pequeno, instável e confuso! Sem um líder (inteligente e visionário, ao invés de um cobrador de fraque) que aponte um caminho de crescimento económico e nos conduza ao sucesso, progresso e ao bem estar económico e social.


 


Não vejo grandes motivos para a celebração desta data, a não ser a sua importância histórica e aquilo que ela significa; o poder chegou às mãos do Povo e abandonou-se definitivamente a questão antidemocrática do mesmo poder ser um título de herança dependente do direito sucessório, inalcançável até, ao mais comum dos membros do Povo, que por sufrágio democrático, com a implantação de uma República decidiu, como ainda hoje decide, a quem entregar os destinos e comando da Nação, pelo menos até à implantação do Estado Novo e após este. Com a República chegou a Democracia!

Somente! Mais nada!
 
 
 
Por todos os outros e são milhares, não vejo grandes motivos de comemoração, pois se não fosse a existência de entidades como o FMI ou a UE, estaríamos neste momento num beco sem saída, ainda mais escuro, que aquele em que nos encontramos...haverá motivos para comemorar esta República? Acho que não. De novo delapidados nas nossas contas, por manifesta falta de inteligência política e muita irresponsabilidade à mistura,  lá nos vendemos uma vez mais ao exterior quando a riqueza de um País está precisamente nisso, ser autosuficiente e não depender de terceiros, facto que desde os imemoráveis tempos da Epopeia dos Descobrimentos (muito à custa da riqueza de outros diga-se) não se verifica. Já nessa altura Portugal se virava para o exterior, ignorando e apostando também, naquilo que tinha e tem em casa! São muitos séculos a errar e não condeno a Epopeia Portuguesa, mas, considero que aliado ao explorar do exterior, o factor interior não devia nunca ter sido descuidado! Há um défice muito grande e intrínseco em nós, portugueses, no que toca à capacidade e vontade explorativa daquilo que temos, podemos e devemos, produzir a nível nacional.

O tempo o dirá, mas (na minha óptica) sem uma mudança radical nos perigosos actos políticos dos Portugueses (não sabem exigir uma democracia sustentada e responsável), não auguro grande futuro para este País e  para, fundamentalmente, as gerações vindouras!

Quem sabe, daqui a cem anos, alguém encontra este blogue perdido no tempo, nas recordações e arquivos da Internet e se começa a rir com este texto que escrevi, pensando - Este estava meio amalucado da cabeça quando escreveu isto, sobre esta potência, que é Portugal!- oxalá isto se concretize.

Será sinal de que, Portugal, finalmente encontrou o caminho certo a seguir...


Viva Portugal, viva a República!

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