sábado, 1 de outubro de 2011

Trepadeiras, belas ou autênticos assassinos naturais?

Já todos, pelo menos uma vez na vida que tenha sido, vimos uma fachada de moradia coberta de folhagem verdejante, ou um muro, ou um caramanchão (onde fica realmente muito bem), ou então agarrada às árvores (o que é mau, muito mau), falo, para quem ainda não tenha percebido das Trepadeiras, ou Lianas, que ocorrem aos milhares nesta nossa aldeia, Lanheses.

Não sou, desde já o aviso, muito amante deste género de vegetação arbustiva e sempre que vejo uma destas espécies, junto a uma árvore, a muito lentamente "colar-se" à mesma, trepando por ela acima, vou prontamente com as minhas mãos arrancá-la (numa fase inicial, quando muito desenvolvidas só de serra na mão), ou, normalmente corto-a pelo pé de modo a que seque e morra. Não, não é maldade, mas trata-se de pura e simplesmente proteger um património arbóreo que leva anos e séculos a constituir, para que em meia dúzia de meses, um espécime parasitário consiga destruir.

Passo a explicar. As Trepadeiras ou Lianas, são espécies arbustivas rasteiras, que para se elevarem em busca da luz solar, necessária à sua sobrevivência, precisam encontrar um hospedeiro (normalmente uma árvore, ou uma outra edificação qualquer vertical ou horizontal), para que esse fenómeno ocorra. Se não o encontram, no chão, não conseguem captar com mais incidência e abundância a luz solar e uma vez que a sua lenhosidade não apresenta a mesma consistência da de uma árvore, não se conseguem, como estas, erguer. Por meio de gavinhas (tal como a videira que dá a uva) vão alcançando o hospedeiro para depois se fixarem a ele e se desenvolverem na tal forma erecta que a sua constituição lenhosa ou herbácea, não permite.


Pormenores de vários troncos cobertos por Trepadeiras!

No que toca a trepadeiras envoltas em edificações tais como, muros, caramanchões, fachadas, ou outro género de construções, acho-as por vezes até belas; uma das espécies mais famosas de trepadeira são as conhecidíssimas rosas, que todos gostámos de cheirar e observar, tal o seu perfume e a sua beleza. Muitas outras há, como por exemplo, o jasmim, ou então as que nos dão saborosos frutos, tais como a famosa videira, que nos dá a uva, os kiwis, os maracujás, enfim, uma ampla variedade delas, nos são muito úteis e belas. No entanto, ocorrem as outras, a biodiversidade é muito ampla, as que são autênticos parasitas e verdadeiras máquinas de matar. Quem gosta de Silvas? Ninguém! Apesar de gostarmos de Amoras...e no entanto a Silva é uma das trepadeiras mais abusivas da Natureza. Quem se passear pela zona do rio e no seu caminho, poderá ver muitos Carvalhos e Amieiros envoltos em Trepadeiras, alguns deles completamente asfixiados, pelo grossura e forte pressão que a espécie parasitária está a exercer sobre os mesmos. Estas árvores envoltas por verdes Lianas, apesar de poder ser um espectáculo agradável à nossa visão, estão em lenta agonia a morrer aos poucos e quando secarem, será por acção, pura e simplesmente da trepadeira que as envolveu asfixiantemente e lhes retirou (roubou) as providências necessárias à sua sobrevivência, que são elas, os nutrientes sugados no solo e a luz solar, para que a fotossíntese ocorra.Sem estes a morte será certa. Por isso a minha aversão a este género arbustivo.


Conjunto arbóreo de Carvalhos, atacados por Trepadeiras e suas flores.


Um ataque fatal se, não detido a tempo.



Pormenor interessante da grossura da Liana, que envolve o hospedeiro, um Carvalho.


Amieiro no Parque Verde, completamente asfixiado pela Trepadeira.


Pormenor de Abelha pousada na flôr. Onde estão as Abelhas, nem sinal de Vespas Europeias e vice-versa.


A Natureza, por vezes cruel e muito diversificada, também, aliada a estes parasitas, arrasta consigo um variado leque de outras espécies animais que de ambas (Árvores e Trepadeiras) se socorrem para se alimentarem e por sua vez sobreviverem. É uma reacção em cadeia e é precisamente o que neste momento está a acontecer fundamentalmente nos arvoredos do rio, atacados pelas Trepadeiras. Ao contrário das árvores que polinizam pela Primavera e neste momento preparam o seu sono de Inverno (hibernação, por isso lhes caiem as folhas), as Trepadeiras estão neste momento a polinizar e as suas flores estão a ser visitadas por milhares de Abelhas, insecto útil para todos nós, mas também e pela tal reacção em cadeia, por Vespas e para finalizar por Vespas Europeias, as tais que provocaram a decepação de um fantástico Amieiro que ocorria na zona do Bosque de Linhares! Coincidência, esse vetusto Amieiro tinha sido atacado por Trepadeira e conjuntamente por Vespas Europeias. Identifiquei dois conjuntos arbóreos atacados por estas pragas (retiro a Abelha desta classificação), ainda por cima, árvores de reconhecida importância para todos nós, Carvalhos, árvore autóctone que urge preservar.


Aglomerados de Amieiros a ladear a Av. Rio Lima, atacados, todos eles por Trepadeiras. Alguns terão de, mais cedo ou mais tarde, ser abatidos, asfixiados que estão pela parasitária que neles se enrolou!
.
Não vamos agora desenfreadamente decepar árvore atrás de árvore, só porque as Vespas Europeias, andam por lá. Elas provavelmente andam lá por causa das Abelhas e do mel, ao qual não resistem, é a sua natureza e se na Natureza existem, devem ser preservadas e têm o alienável direito de viverem, tal como nós, vamos porém desenvolver acções que visem controlar esta praga mortífera que é a Trepadeira. Se nada fizermos, em breve, a Avenida do Rio Lima por exemplo, olhando os Amieiros que a ladeiam, não terá árvores a guardá-la, pois todas tiveram de ser abatidas pela sua decrepitude, mas, importa salientar, o agente causador foi a Trepadeira!

Alguém se interessará, tal como eu e comigo, em vir munido de serra para o rio?


2 comentários:

  1. Se não houver inconveniente, pode contar com a minha ajuda e a das minhas ferramentas (serra e tesoura). Mas pior do que estas parasitárias são os parasitas que atacam o património natural/construído, e a esses era com um varapau que eu ajudava a "limpar"....

    ResponderEliminar
  2. Quando quiser, meu caro amigo, teria todo o gosto em que alguém me ajudasse.

    Um abraço

    Sérgio

    ResponderEliminar