quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

1º de Dezembro.

Imagino, que para os Espanhóis que se lembrem deste dia, como dia feriado em Portugal; o continuem a achar uma pedra no sapato, daquelas irritantes e que magoam ardilosamente...pois, há nove séculos atrás um homem ousou pensar um novo reino, tendo sido bem sucedido, com a mais ignóbil das pretensões e os que lhe sucederam, mantiveram esse sonho vivo até hoje! O sonho do qual falo, é este rectângulo, chamado Portugal, o homem, D. Afonso Henriques!

Foram séculos de muitas lutas, [muitos deram a vida pelo ideal Lusitano], de muito sofrimento, de muita diplomacia também; mas o jugo espanhol, não virou nunca as costas ao pequeno povo que ganhou uma matriz e identidade próprias, dignas de figurar a nível internacional como País Independente. Pelo contrário, o jugo espanhol, nunca aceitando na realidade a independência do condado Portucalense e o facto de ter de dividir uma pequena porção da Península Ibérica, com outro pretenso país, sempre lhes causou mossa psíquica...

À primeira oportunidade que surgisse, lá se viam os espanhóis obrigados [quanto mais não seja pelo dever psíquico] a tentar tomar para si aquilo que sempre acharam direito natural deles, a nossa terra...e depois dos devaneios adolescentes de El Rei D. Sebastião e a consequente crise dinástica que despoletou a sua infantilidade e desaparecimento; eis que nos chegam os Filipes, II, III e IV de Espanha, para novamente subjugar o povo Lusitano e fazer com que este lindo rectângulo, voltasse de novo, a fazer parte integrante do mapa castelhano...nada mais errado!

Saturados da profunda crise que se vivia naqueles tempos (com o império ameaçado pelos Holandeses e outros, tal como agora, embora nestes tempos se viva uma crise económica, sempre, muito mais amena que uma crise de independência [diga-se], com todas as inerências gravosas que isso implica [a perda de soberania é a morte de um povo e de toda a sua matriz cultural] um grupo de indivíduos de vários quadrantes da sociedade lusitana, apelidados mais tarde de "os Quarenta Conjurados", chefiados pelo único nobre que poderia ter aspirações ao titulo de Rei de Portugal, D. João Duque de Bragança e cansados do marasmo social e económico que o país vivia sob o domínio Filipino (entenda-se dos Filipes) a 1 de Dezembro de 1640, revoltaram-se e deram inicio aquelas que ficariam mais tarde conhecidas como as Guerras da Restauração. Aproveitando o facto de se estar a chegar ao Natal e com ele muitos dos espanhóis se dirigirem para Espanha para comemorar a quadra natalícia, aliado ao facto dos problemas que Filipe VI de Espanha, III de Portugal, enfrentava noutras frentes como guerras e com o império Espanhol, também já (como o Português) em declínio; o grupo dos Quarenta Conjurados proclama, (após a morte de Miguel de Vasconcelos, secretário do Vice-rei de Portugal, a não menos famosa Duquesa de Mântua), D. João, Duque de Bragança como Rei de Portugal e se dá inicio aquela que foi a última das dinastias, a de Bragança! Lógicamente, os  pelo menos, quase trinta anos seguintes foram anos de batalhas duras, na tentativa, por parte dos Espanhóis em readquirir a província Lusitana para o seu jugo, mas, tal não aconteceu e assinado o tratado de Paz entre os dois países em 1668, Tratado de Lisboa, conseguiu-se que o sonho de D. Afonso Henriques, se mantivesse vivo, até aos dias de hoje!


Após toda esta descrição histórica, tinha de aqui no blogue, referir este dia como um dos mais importantes feriados de que dispõe Portugal, para se afirmar perante o mundo como país obreiro e obstinado em perseguir os ideais pelos quais foi criado! País de povo simples, solidário e bom recebedor de forasteiros, mas ao mesmo tempo de gente dura e resoluta quando enfrenta adversidades! Esta, a da Restauração da Independência foi uma das suas maiores provações (foram 28 anos de lutas para se manter a independência...28 anos!) e foi superada!

Os tempos mudaram significativamente e enquadrado agora, no âmbito da União Europeia (sem contudo esquecer a sua identidade cultural), Portugal, vê-se de novo a contas com problemas de liquidez e está neste momento a enfrentar mais uma crise dificílima, mas que vem sendo combatida pelos mesmos do costume, com sangue, suor e lágrimas, à custa de muitos sacrifícios, embora anteveja que dela sairemos bem! Foi assim no passado, porque não, agora no presente?

Corre agora o risco, esta data comemorativa (como Feriado), de ser eliminada no calendário anual!

Acho caricato que para se combater essa crise económica se tenham de eliminar feriados, de modo a tornar o país mais competitivo e também evitar o prejuízo que é, em dia feriado, a grande maioria dos portugueses não trabalhar! Concordo que se tenha de atacar a crise, poupar e investir, mas, cortar um dos feriados mais elucidativos da identidade nacional, não sou de todo favorável e acho até, extremamente infeliz (para não dizer outra coisa) a ideia de não se comemorar um dos mais importantes acontecimentos históricos que celebramos. É que, dá-me a ideia de que os nossos governantes, olhando somente a números, esquecem toda a matriz própria do que foi a nossa história, respeitando a memória daqueles que morreram pelo nosso país [foram muitos] e todas as atrocidades pelas quais passamos e enfrentamos, para que este país se mantenha como é nos dias de hoje, soberano e independente!

Fracos, são aqueles que não respeitam e estudam o passado, tendo em vista a programação e projecção do futuro! E dos fracos não reza nunca, a história!

Quanto a mim, ficará para sempre o agradecimento aos homens dos "Quarenta Conjurados" e aos anónimos também, por me permitirem viver, com as suas bravas acções em 1640 (já lá vão 371 anos), como vivo hoje em dia, num país livre e independente!

Isto ninguém nos pode roubar e este feriado tem de continuar a ser comemorado, doa a Espanhóis, doa a Europeus, doa a quem doer! E se tentarem, roubar, nós cá estaremos para lutar...foi assim no passado, é no presente e será, certamente no futuro!

Viva Portugal! Viva a comemoração da Restauração  da Independência!


2 comentários:

  1. Eh pá, se não fosse eu saber que tu és um daqueles "anarco-simpáticos", eu até dizia que és monárquico!
    Já agora "Viva o Rei"!
    Um abraço.

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  2. Tu já me conheces bem Cunha, escusado será dizer que de monárquico não tenho absolutamente nada! Agora, que me custa ver um país perder o respeito pela sua história, como o nosso está a perder, lá isso custa-me!

    Abraço.

    Sérgio

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