sábado, 21 de janeiro de 2012

O fim das touradas.

Mahatma Gandhi, a grande alma em indiano, disse um dia a seguinte máxima e passo a citar: "A grandeza de uma nação vê-se na forma como trata os seus animais."

Nada mais simples. E não subestimemos a sabedoria de um homem simples, mas que foi um dos mais influentes e notáveis entre tantos, no século passado. Com a sua filosofia de não-violência conseguiu libertar um dos mais fabulosos países do mundo, a Índia, do jugo inglês!

Começo este tópico, precisamente com as palavras deste sábio, porque no Parlamento Nacional, uma petição que pedia uma votação em prol da abolição definitiva das corridas de touros em Portugal, não foi aprovada. Uma petição que reuniu três mil assinaturas a mais das necessárias para pôr aqueles nomeados por nós (deputados), a trabalhar em favor daquilo que queremos, seja ou não, decidido. Aliás, uma das pouquíssimas vezes em que a Democracia funciona neste país! Por isso tenho um gostinho especial por "Petições"!

Este é um dos temas que mais divide a sociedade portuguesa e milhentos debates se têm realizado em prol desta causa. Os argumentos para que a citada petição tenha sido rejeitada são de todo falaciosos e espantei-me realmente com ilustres deputados(as) que continuam a encarar a barbárie que ocorre entre tábuas, como espectáculo de cariz cultural. Quer dizer, torturar um animal, torna-se um espectáculo para o pequenino cérebro destes pensadores(as). E não me venham com o argumento que sem as touradas o Touro Bravo se extinguirá ou que faz parte da nossa tradição, ou que sem elas o Cavalo Lusitano entrará em forte declínio; blá blá blá, blá blá blá...É tortura e da grande, ainda por cima para gáudio das massas! Mais a mais é um espectáculo deprimente e repetitivo! Seis Touros lidados na arena,  repetitivamente! "Meia dúzia" de homens com vestes amaricadas montados a cavalo ou a pé, espetando farpas num desgraçado de um animal que não sabe ao que vai e nem entende porque lhe estão a infligir tamanha dor! Deprimente e covarde, é o que a tourada é! E a chamada PEGA...muito garbosa...não haja dúvidas! Um individuo vestido de campino rodeado pelos compinchas, aos berros, à espera de ser acossado por um animal ensanguentado, com o corpo ardendo em dor pelas várias farpas espetadas no cachaço, cansado e confuso, que já nem força tem para rebentar com "meia dúzia" de cobardolas que se preparam para pegá-lo! Eu sei que é enervante para quem lê estas linhas e gosta de tourada, ler algo semelhante, mas a realidade é mesmo esta, é tortura e cobardia! Os últimos actos bárbaros cometidos em animais na arena para gáudio das massas ocorreu, se a memória não me falha, a um ritmo como o das modernas touradas, nos tempos do Coliseu de Roma e do Império Romano, onde o sangue em catadupa era espectáculo! Tempos onde nem sequer se imaginava discutirem-se direitos humanos e tão pouco direitos dos animais! Tempos bárbaros! Imaginem que a Igreja Católica, instaurava de novo a tradição das Inquisições, o Santo Ofício? Era uma tradição! Porque não mantê-la! Ou reavivá-la! Podem achar a comparação parva ou descabida, mas, não deixa de ser lógica! Claro, ninguém agora se lembraria de queimar seres humanos na fogueira, mas no que toca a direitos dos animais, isso já é outra matéria! Continuam-se a ignorá-los e a desrespeitar seres, que têm tanto direito como o nosso a uma vida sã e livre de maus tratos ou punições! 

Viana do Castelo, a par com a província da Catalunha na vizinha tierra de nuestros hermanos onde a tradição tauromáquica excede em tudo a nossa; deu um grande exemplo de civismo e inteligência ao definir-se como cidade sem touradas! Este número deprimente era figura constante no cartaz da Romaria das Romarias, a Sr.ª da Agonia. Feliz e sabiamente foi abolido! Deveria o nosso parlamento ter tomado a mesma iniciativa e aos olhos do mundo teríamos certamente mostrado uma atitude digna e grande, tal qual Gandhi defendia, conseguindo até a admiração de muitos povos que de momento olhem tão e somente para nós portugueses, com olhar reprovador! Os nosso políticos continuam apostados em denegrir a imagem de um país, que de todo é real!

No parlamento apresentaram-se vários argumentos, desde o argumento de que é matéria que respeita a liberdade individual de cada um, segundo palavras da deputada Isilda Aguincha (PSD); Gabriela Canavilhas (PS) que em tempos liderou o extinto Ministério da Cultura, ignorantemente defende que é uma manifestação cultural inequívoca, que leva às praças 900 mil pessoas e mais de três milhões a festas taurinas e por não ter sido introduzida por decreto, não pode por outro ser abolida; espantei-me ao ver o partido ecologista Os Verdes através de Heloísa Apolónia, pronunciarem-se somente na defesa de ser rotulado como espectáculo violento (esta é engraçada, se é violento, que raio, então finde-se); o  PCP define como não se devendo incutir uma proibição por lei a nível dos gostos de cada um (ficou liberal de momento o nosso PC) e do CDS-PP sempre a preocupação económica a funcionar, não seja o seu líder um liberal ferrenho adepto das touradas e das festas do cavalo na Golegã, apanágio daqueles que gostam de usar roupinha de marca e cabelinho desgrenhado a cair pelos ombros... o BE continua activamente a defender a abolição das touradas e ao menos, a lançar o debate na Assembleia da República. Eu, que não acredito em ditados, espero que ao menos este um dia funcione...água mole em pedra dura, tanto que bate que até que fura [precisamente como os antigos diziam]...

Fácil! Muito fácil!

Faça-se um referendo! Em Democracia ganham as maiorias e as minorias sujeitam-se à vontade das primeiras...queria ver os cerca de 900 mil aficionados (palavra linda) a votarem SIM, contra os milhões de não aficionados que certamente votariam NÃO! E este até que nem seria um tema muito incómodo para os deputados e deputadas do nosso parlamento, sempre tão avessos a referendos. Outros temas há que são bastante mais sensíveis, tal como a interrupção voluntária da gravidez, por exemplo. Muitos interesses instalados também se manifestam ocultamente pelas paredes da Assembleia e depois, porquê chatearmo-nos com matéria banal? Afinal, em jogo só está a vida de um animal que depois de morto, é somente, carne para canhão...


Por isto e muito mais, continuamos pelos piores motivos a ser olhados por outros povos muito mais civilizados que nós, com depreciação, desconfiança e muito, muito negativamente! Não admira! Ainda há pouco tempo estive na República Checa e ao invés de me convidarem para assistir a uma tourada, variadas pessoas nas ruas me convidavam a assistir a um belo concerto de música, dentro de uma não menos fenomenal e qualquer Igreja...quão diferentes o somos...

O Parlamento prova-o, somos uns bárbaros! Bárbaros, que no poder colocam Bárbaros a governar!
Em conluio com o Parlamento, a barbárie continuará, pelo menos por agora a realizar-se, ciclicamente!


Para mim, a tourada, e é só a minha opinião, vale o que vale, deveria ser catalogada como...crime...

Touro a ser morto com uma adaga, em França! Dedico esta imagem a todos os AFICIONADOS das corridas de touros...que estranha brutalidade!!!


Termino como comecei, com uma citação de Gandhi - Posso ser uma pessoa desprezível, mas quando a verdade fala em mim, sou invencível."




1 comentário:

  1. Os meus sinceros parabens Amigo Sergio. estou contigo! Somos desumanos , despidos de sentimentos e afetos. Cada vez eu, com a minha idade vejo que: CADA VEZ HA MENOS HOMENS!
    Um braco do amigo Horacio

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