quarta-feira, 18 de abril de 2012

Antero de Quental.

Não fiquei indiferente, hoje, ao ligar o PC e ver que o Google (que é o motor de busca por mim definido) dedica um Doodle, um daqueles grafismos animados ou não, a um dos nossos maiores poetas, precisamente cento e setenta anos após a data do seu nascimento; Antero de Quental.

Sou um grande apreciador da poesia deste Açoriano, nascido e morto (suicídio) em Ponta Delgada, assim como de toda a sua obra, quer poética, quer em prosa, quer mesmo a nível político porque este foi um homem multifacetado, muito na vanguarda dos tempos em que viveu (notória a oposição aos ideais "retrógrados" defendidos por António Feliciano de Castilho com quem se incompatibilizou) um grande amante das liberdades do intelecto, das questões da natureza e partidário da doutrina socialista;  partidarismo que o levou a ser um dos fundadores do Partido Socialista. Conotado com a Geração de 70 (séc. XIX) sendo um dos seus mais ilustres representantes, juntamente com Eça de Queirós, Ramalho Ortigão, entre outros grandes vultos da nossa literatura deixou-nos um dos maiores legados de poesia que a literatura portuguesa jamais teve. Muitos estudiosos e académicos equiparam-no a Camões e a Bocage, tal a perfeição dos seus sonetos e é precisamente por causa da poesia escrita em sonetos (rima clássica de quatorze versos), que tanto o admiro e por vezes, invejo até. Esta é a forma que mais prazer me dá em escrever e tal o devo, muito acerca daquilo que li escrito por Antero. Ele escrevia maioritariamente sob a forma de soneto italiano ou petrarquiano, ou seja, duas estrofes compostas por quatro versos (quartetos) seguidas por outras duas compostas por três versos (tercetos), usando muito raramente as outras formas escritas de soneto, o inglês ou shakespeariano (três quartetos e um dístico) e o monostrófico (estrofe única de quatorze versos).

Fica a referência aqui no blogue a um dos nossos mais ilustres poetas, que o distúrbio bipolar fez com que partisse mais cedo que o devido, mas que se tornou imortal com a sua escrita poética e toda uma vida dedicada a grandes causas e ideais de liberdade e fraternidade. Só um aparte...-se fosse vivo Antero e, visse o seu país e o mundo ao que chegaram, escreveria com certeza, alguns dos mais violentos sonetos que a nossa mente possa imaginar...

Em jeito de sugestão de leitura, para quem não conhece, recomendo as obras - Odes Modernas (1865) e Sonetos Completos (1886).


A Antero.

Se me dissessem - homenageia Antero.
Prontamente escreveria em soneto
uma estrofe, uma quadra, um terceto
rima que prezo e sempre escrever, quero.

Com um soneto ilustro Quental
um soneto que será italiano,
tal qual escrevia este Açoriano
que a Liberdade cantou em Portugal.

Dos Açores a Vila do Conde
Rimando, correu este país
para muito novo, morrer onde?

Numa ilha afortunada!
Naquele sitio que sempre quis,
na sua, para sempre, Ponta Delgada!


do autor Sérgio Moreira





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