quarta-feira, 4 de abril de 2012

Uma espécie endémica.

Se a análise não está errada e presumo que não, tive a infeliz oportunidade de fotografar uma espécie endémica da Peninsula Ibérica, que não ocorre em nenhuma outra parte do mundo, senão aqui em Portugal e na vizinha Espanha. Escrevo infeliz porque, o referido exemplar, chamando-me à atenção pela forma estática e estranha que mostrava junto ao caminho do rio, se encontrava já cadáver, quando o observei de muito perto! Uma pena! Ainda por cima um espécimen que urge proteger, tal o valor ambiental que representa para ambos os países que citei anteriormente.

O Lagarto-de-água (Lacerta schreiberi), espécie autóctone portuguesa, é um réptil que pertence à família Lacertidae, de tamanho médio mas porte robusto que atinge os 12,5cms de comprimento, cabeça-corpo e uma cauda que pode atingir duas vezes o seu tamanho. É uma das espécies de lagartos mais bonitos do mundo, apresentando várias cores, desde a cabeça de um azulado-negro, ao corpo com varias manchas devariadas tonalidades, desde pretas, verdes, azuis amareladas e castanhas até, cor esta que predomina na cauda.
Alimenta-se fundamentalmente de pequenos invertebrados, como moscas, mosquitos, escaravelhos, gafanhotos e ocasionalmente frutos silvestres.

Hiberna de Outubro a Março ao qual após, inicia a actividade reprodutiva, por incubação de ovos, de 7 a 22 (+-) e torna-se sexualmente activo aos dois anos de idade. Apresenta uma longevidade de sensivelmente 8 anos.

O seu habitat é tipicamente húmido, ou seja, habita zonas de floresta de clima temperado-húmido, como as nossas, onde ocorre com maior predominância no montanhoso norte do país (sendo raro no Sul com excepção da Costa Vicentina), junto a cursos de rios e onde a mancha florestal seja densa e composta por Amieiros, Carvalhos, Vidoeiros e Castanheiros. Por este motivo é endémico a norte do Mondego e uma das mais importantes espécies a ter em vista a sua protecção, dada a importância da sua raridade de ocorrência. Lanheses não faz excepção e já visualizei inúmeros junto aos caminhos da veiga e do rio, onde se gostam de pôr ao Sol de modo a aquecerem, visto, como todos os répteis, serem animais de sangue frio.

Posto aqui a fotografia a título de exemplo (infelizmente de um cadáver com parte da cauda amputada) mas que representa na perfeição todas as características deste fantástico animal, que vem enriquecer ainda mais, a fauna lanhesense.

FINEPIX HS 2500 - ISO 100 -  f 7.8

Presa de variadas espécies, entre elas a Águia-de-asa-redonda, um dos seus grandes inimigos é precisamente o Homem, que contribui em alta percentagem para que ocorra a morte de vários destes lindos lagartos; sendo a principal o atropelamento, dado que estes répteis escolhem propositadamente as estradas e caminhos para se aquecerem ao Sol.  Facto que deve ter acontecido a este pobre infeliz, visto o estado espalmado em que se encontrava aquando da realização da foto. Realmente uma pena!

Fica a promessa de revisitar este tema num próximo post, assim que conseguir captar umas quantas e boas imagens deste fenomenal animal, quando vivo e exposto ao Sol é de uma beleza tremenda, onde sobressai a sua cabeça azul, imponente, contrastando com as demais cores do seu corpo manchado e esverdeado!

Para nós resta-nos o orgulho de como Ibéricos termos por cá uma espécie que não ocorre em mais nenhum lugar do planeta! Façamos sempre um esforço para protegê-la!!!






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