quarta-feira, 2 de maio de 2012

Inacreditável...

Os meus olhos nem queriam crer naquilo que em imagens se me deparava no ecrã da TV, aquando da passagem do noticiário da noite, ontem em horário nobre...!!! Variadas multidões de portugueses espalhadas pelas mais variadas lojas da cadeia de supermercados...(nem vou publicitar a marca), espalhadas por este país, em busca sôfrega por uma promoção que rondava os 50% de descontos em compras superiores a 100€!
Eu sei, eu sei, que estamos em crise (os críticos do costume já devem estar a pensar nisto - estamos em crise, este não entende!); e os cidadãos desesperados, tentaram apetrechar a despensa por pouco dinheiro!  Só não entendo como estamos em crise, quando muita da malta que se dignou um tanto ou quanto envergonhada (outros nada até) a falar para a TV, dizendo que gastou entre 300 a quase 1000€ em produtos dos mais variados géneros, isto já com o descontinho feito! Qual crise, qual quê!?! A maralha que por lá andou não pensa em crise, são uns sôfregos, quem realmente está em crise, jamais conseguirá fazer compras superiores a 100€, nem 50, quanto mais 100€! Poder-me-ão acusar de insensível ou até insensato; mas que raio, não me falem em crise, pois muitos dos que lá foram (houve excepções claro) e se prestaram a um papel quase a roçar a mediocridade, numa busca tonta em esvaziar as prateleiras da superfície comercial (parecia que estávamos a viver tempos apocalípticos), é malta que gosta de ocupar os tempos livres em busca de descontos e descontinhos, promoções e saldinhos; não sabendo ocupar o seu tempo de outra forma mais útil, só conseguem estar a consumir (o cancro das sociedades modernas) e quando não o estão a fazer, estão a pensá-lo ou então...estão a dormir...
Triste imagem a que este povo transmitiu (ou uma significativa parte dele) ontem, em dia que se queria dia de manifestação e solidariedade entre todos os que somos trabalhadores! Ontem envergonhei-me em ser português...que tristes imagens passaram na comunicação social...

Alexandre S. dos Santos é para mim um pirata! Uma espécie de gigolo disfarçado que nos chupa milhões em dinheiro que cobra pela venda de bens essenciais à vida, decreta uma promoção mentirosa em dia que se queria que fosse de descanso para todos, reafirmo, todos, os trabalhadores, em respeito pela data que se comemorava, para com a maior das latas, ainda por cima, depois vir a aplicar os seus "descontinhos" na terra das papoilas!
Este é o retrato de um senhor de cara bonacheirona (faz-me lembrar o Mr. Magoo da Disney), mas nada pateta, representando aquilo que é o grande capital, continuando a não mostrar respeito nem por nada nem por ninguém, defraudando  e desafiando em grande escala o espírito do dia 1 de Maio (como o patronato continua a odiar este dia), desrespeitando os seus maus pagos e precários trabalhadores, assim como a todos nós, restante classe trabalhadora...pena que muitos de nós não tenham entendido a dúbia rasteira que ontem nos foi pregada...

Triste, muito triste, a forma como uma grande maioria de portugueses ontem animalescamente se comportou; mais pareciam leões quando capturam a zebra...e a começam a devorar, sôfregos!

Só que os leões, para capturar uma zebra, são capazes de ter passado antes, alguns dias sem comer...


Inacreditável...as imagens que se viram ontem são um pouco o espelho daquilo que muitas vezes o nosso povinho é...ontem, tivemos a soberana oportunidade de dar uma grande lição a estes papalvos engravatados; uma vez mais, com o pássaro na mão o deixámos de novo fugir!!!

E lá veio de novo a polícia (sempre solicita em ajudar)...



4 comentários:

  1. Amigo Sérgio,
    Parabéns por chamar os bois pelos nomes com toda esta clareza. Também eu fiquei chocado - ou talvez não, porque o povinho já não me surpreende.
    Este foi o retrato do lado animalesco da nossa sociedade - infelizmente o lado cada vez mais saliente. Uma mente embrutecida, consumista e egoísta, como muito bem escreve o amigo, só comparável às feras em terreno de caça - com a diferença que estas o fazem pela sua sobrevivência e este povo embrutecido não!
    Indignação, revolta, vergonha... é o sentimento de quem ainda tem um pingo de nobreza e de dignidade. Mas confesso que estou mais contra quem alinhou nesta peça de teatro, do quem quem a organizou, porque a esses já há muito que deixei de dedicar qualquer importância.

    Um abraço e continua a barafustar quando é necessário!

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  2. Caro Carlos, confesso que reflecti um bocadito, antes de escrever no blogue acerca da vergonha que ontem, as TV´s nacionais filmaram e, dei por mim a pensar - porque diabo não hei-de publicar? Afinal o blogue é meu e este é um espaço onde gosto de desabafar as minhas mágoas e tristezas, quando as sinto! Ontem foi um desses dias em que me senti mesmo atónito ao ver como o nosso povo se gosta de ridicularizar...imagem de um povo desesperado, desregrado e totalmente desmoralizado!!!

    E isso deixa-me triste...muito triste...

    Abraço

    Sérgio Moreira

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  3. Caro sérgio Moreira:
    Hà dias, conversando com o meu irmão, regressado de França onde foi assistir a um casamento, na cidade Lille, contava-me ele o seguinte. Passou o feriado dia 1 de Maio nesta bonita cidade francesa, e reparou que os seus habitantes, passeavam, andavam de bicicleta, conviviam uns com os outros, os pais andavam com os filhos ao ar livre etc. Todos indiferentes ao comércio fechado, (grandes superficies, inclusivé). Quando nesse dia ao fim da tarde chegou ao aeroporto, e começou a ver e a ouvir o que por cá se passava, pareceu-lhe uma situação...de guerra.
    Esta pouca vergonha que se passou nos supermercados Pingo Doce, demonstra perfeitamente o pais que somos. Lamentável em todos os aspectos. Não sei o que é fazer compras ao Domingo. Sempre achei muito estranho as pessoas dizerem "que não tem tempo durante a semana para ir ao supermercado". Tremo todo só de pensar em passar uma tarde de domingo enfiado numa superficie comercial, ouvindo aquele irritante "plim plim, fulano à recepção...", quando hà dezenas de coisas agradáveis que se podem fazer.
    O domingo, dia sagrado para estar em familia, tem vindo a perder importância, por pressão das grandes superficies. Foram estas que ao longo do tempo, foram moldando o pensamento do chamado "consumidor", ao ponto de "deixarem de ter tempo para as compras nos outros dias da semana, só tendo tempo ao domingo". Isto apesar dos hipermercados, já quase não fecharem.
    No governo de António Guterres, ainda houve um sinal de esperança, encerrando as grandes superficies no domingo e feriados à tarde. Mas estes não desistiram e esse povo que invadiu o Pingo Doce, concerteza que foi o mesmo que votava nos estudos de opinião, instalados nessas lojas para que tudo voltasse a abrir aos domingos e feriados, desta vez todo o dia. A hipocrisia, de governos mais recentes, foi passar a batata quente para as câmaras municipais (a de Viana, coitada ainda disse que ia fechar as superficies maiores,aos domingos, mas podemos esperar sentados). Toda a sociedade perdeu com isso, para não falar desse pequeno comércio, que alimentava muitas familias e hoje vive momentos de agonia. Tudo em nome do "sr. consumidor". E da falácia dos preços baixos.
    E já agora, já "que os tempos são outros" e as lojas tem de abrir ao domingo, porque não pensar em abrir os outros serviços (câmaras, repartições, secretarias das escolas, centros de saude etc etc), nos domingos todo o dia? É QUE NÃO TEMOS TEMPO DE IR TRATAR DESSES ASSUNTOS DURANTE A SEMANA. SÓ TEMOS DISPONIVEL O... DOMINGO.
    Ao contrário dos "burros" dos franceses, que se dão ao luxo de passar o feriado, cheios de tédio, com as grandes superficies...fechadas.

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  4. Caro Amaro

    Belo texto o seu acerca do Domingo e todo o significado que nos trz esse dia!

    Péssima imagem a que passamos para o exterior, com a forma como alguns milhares de sôfregos, se comportaram nesse dia que se queria para a família, é certo, mas fundamentalmente, que não se quebrasse o espírito do dia do trabalhador...

    A imagem que tenho do nosso povo é a de um povo completamente desmoralizado...pelo menos uma maioria significativa!

    Abraço do costume e apareça sempre por cá.

    Sérgio

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