domingo, 17 de junho de 2012

A MAGIA da II Tertúlia...foi assim...

À priori as minhas expectativas para esta segunda tertúlia, iniciativa dos elementos que compõem o quadro da Junta de Freguesia no âmbito do circulo de tertúlias por eles idealizado, eram grandes e, passadas estas horas, analisando e pensando na noite que ontem vivemos, posso afirmar que foram completamente ultrapassadas!

Desta vez vou começar um tópico no blogue ao contrário e em vez de começar por descrever aquilo que se viveu e sentiu, na bela sala da biblioteca da Junta de Freguesia, vou antes iniciar-me pela minha apreciação ao evento, o que normalmente faria no fim, fá-lo-ei agora no início! 

Comparando-a com a primeira na qual também estive presente, considero que esta tertúlia foi marcada por mais sucesso ainda, que a referida inicial! Haviam algumas caras novas nas mesas dos tertúlianos, outras muitas caras que se repetiam, talvez por isso, e pelo à vontade e por uma maior desinibição das pessoas que já sabiam mais ou menos ao que vinham, senti que muitos estavam bastante mais "soltos" participando activamente! Fantástico! Eu próprio me senti assim muito mais desenvolto, sempre que intervi e acreditem, tenho alguma dificuldade de personalidade em enfrentar grandes audiências o que muitas vezes me faz embargar a voz...chamem-me lamechas...chamem o que quiserem...mas sou assim e nada a fazer! Desta vez, não! Desta feita todos e até eu, estavam completamente à vontade e a conversa fluiu muito agradável e normalmente! Uma maravilha e, numa noite que se apresentava chuvosa e triste no exterior, entre aquelas magníficas quatro paredes "bordadas" com belas fotografias a preto e branco, retratando cenas da vida quotidiana lanhesense, emanava calor...sim calor...calor humano, pela forma maravilhosa com que novos e velhos se entregaram muito inocentemente ao espírito tertuliano, por isso ouso escrever no título do tópico em letras garrafais - A MAGIA da II Tertúlia...- foi mesmo assim - mágica!

Agora vamos ao analisar da noite, que foi bem longa, diga-se; mas facto o qual, ninguém se apercebeu, com o tempo a passar rapidamente e quando demos por ela, se concluiu, que já estávamos naquela sala há umas boas cinco horas! Tal o sucesso da iniciativa...

Após discurso inaugural do Edil Ezequiel Vale, lançando aos tertúlianos o tema desta "reunião", o RIO LIMA, e umas breves palavras sobre o que seria pedido nessa noite a todos os participantes; deu-se início à mágica noite com o servir de algumas apetitosas "entradinhas", regadas com branco-loureiro fresco e divinal e, como não poderia deixar de ser, muitíssimo bem acompanhadas pelo som bastante aprazível que emana da voz de Ana Ferreira e pelos dedos de Paulo Pinto, ao piano, tocado magistralmente, diga-se, pelo referido pianista! Qual melhor maneira de se começar uma "reunião" de amigos...???






Em seguida se deu, após breves e novas palavras de Ezequiel Vale, lugar ao primeiro brinde da noite, o brinde de abertura da cerimónia em que todos os presentes aproveitaram para brindar à saúde uns dos outros! É um momento sempre muito especial, este, pois entre sorrisos e cumprimentos e ao som do bater dos copos, todos nos saudámos em sinal de respeito e profunda amizade. Bonito!


A alegria estampada no rosto de quem brindou à saúde!


Momento então, para se lerem alguns textos e poemas acerca do tema da tertúlia, o rio Lima, sendo um deles um belo poema lido muito bem, por Rosa Castro (que "doce" dicção possui esta senhora, gostei muito de a ouvir), de Teófilo Carneiro, que tão bem cantou e elogiou as belezas do Lima e dos vales que lhes estão associados! Ezequiel Vale seguiu-se-lhe com leitura de poema de Carlindo Vieira, que também poetizou em tempos, os barcos do Lima, o Água-Arriba. Manuel Paraíso brindou-nos com uma inflamada e apaixonada retórica acerca do tema da tertúlia, o rio Lima e desenvolveu aspectos geográficos dos vários pontos da sua região, desde o vale, a foz, até à Serra d´Arga, chamando a todos à atenção para as palavras poéticas de Teófilo Carneiro que um dia escreveu - orai pintores, que semelhante beleza não se pinta...Fátima Agra também citou alguns conhecidos pensadores e poetas da ribeira lima, entre eles o limiano Diogo Bernardes e o saudoso Couto Viana. Esta primeira parte da tertúlia encerrar-se-ia com a leitura de um poema, lido e muitíssimo bem, tenho de o realçar, por Rosa Maria Franco, esposa do amigo e lanhesense Hélio Franco.









Foi a vez de todos nos levantarmos e brindarmos novamente para aquele que foi o segundo brinde da noite, desta feita, conduzidos pela voz do presidente Ezequiel, um brinde ao rio Lima e a todas as suas virtudes, e são tantas!

Foi então que desafiado por Ezequiel Vale, li perante todos (um pouco embaraçado, é verdade) um poema de minha autoria, poema composto numa das minhas muitas deambulações invernais pela área e já postado aqui no blogue num tópico próprio, justamente quando me encontrava só junto ao Lima e pensava na vida enquanto as suas águas desfilavam perante os meus olhos...é um poema muito intimista, mas, que fundamentalmente retrata aquilo que sinto, penso, sobre este rio que vem acompanhando a minha vida já lá vão trinta e sete anos (eu sei, eu sei, ainda sou um menino...) e pelo qual nutro tamanha simpatia, admiração e por tudo aquilo que o mesmo me transmite!

Cá fica no blogue para quem quiser o poder apreciar! Desta vez sem embaraços de personalidade (risos)!


Sentado à beira do Lima

Miro as águas em movimento
deste rio, que é o Lima
acometido em pensamento...
que com o rio e o Sol rima!

Uma lágrima os olhos vertem
depois, um sorriso de criança
ao ver estas águas que correm,
inundadas em lembrança!

O rio me parece mais belo
nesta época que é o Inverno,
o branco, sobrepôs o amarelo
que gela, o sentimento interno!

Mas, sentado à beira do Lima
logo vem um afoguear
o Lethes, que com a alma rima
em mim calor vem depositar...

Estas águas a correr
em direcção à sua Foz
calmas, serenas, a fazer esquecer...
dores, quando estamos sós...

Sentado mirando este rio
o repito muitas vezes
sozinho, na alma um arrepio
que doçura tens ó Lethes, visto daqui de Lanheses!!!

(do autor Sérgio Moreira)



Chegou então depois, um dos momentos que, para mim, foi dos mais belos da noite; variados lanhesenses, alguns com vários anos de vida contaram as suas estórias de vida relacionadas com o rio e posso afirmar que por vezes a sala da biblioteca encheu-se com o colorido das gargalhadas dos presentes perante algumas das autênticas façanhas que os nossos conterrâneos iam contando! Foi um dos momento mágicos da noite! Destaco aqui as estórias contadas pelo Artur Gomes que arrancaram boas gargalhadas dos presentes! Foi chegado o tempo de um dos intervenientes (eu apelido-o sempre de Mestre-Caninhas) que teve de estar obrigatoriamente presente nesta tertúlia que tematizou o Lima, como pescador que é, contando algumas estórias, falando do variado pescado (algum) caríssimo que lá se pode pescar, explicando o porquê do seu apelido e desenvolveu também, aspectos da obra de construção do Água-arriba, momento que todos seguiram com extrema atenção!


Mestre-Caninhas, enquanto discursava.





Um desafio, no entanto, tinha sido lançado pelo presidente Ezequiel no início desta tertúlia; depositando uma folha branca em cada mesa, sugeriu que cada uma das mesmas, preparasse um texto com alusões ao rio Lima (óbvio) para à posteriori serem lidas e apresentadas a toda a audiência. Na mesma mesa calhámos eu e a minha esposa, assim como Caninhas e a sua e depois de algumas palavras trocadas concordámos que faria eu um texto alusivo ao Lima e à construção do Água-arriba. Mestre-Caninhas, depois de o ler concordou e lá chegou o momento de o apresentar a todos. Fica também aqui no blogue, para memória futura. Escrevi-o também, em jeito de homenagem, a tão ilustre senhor.

O pinheiro media para aí uns vinte metros! Meu Deus, como era alto!
Eu sei que as árvores não se cortam, mas, este que foi cortado serviria um nobre propósito. Fiquei ali alguns minutos a observá-lo...depois, mãos à obra, tombou, e levou com ele algumas ramas de outras árvores que lhe estavam próximas...
Os dias foram passando...
Sob um Sol escaldante, o suor a escorrer-me pelo rosto abaixo, as tábuas foram sendo pregadas ao pinheiro decepado e as formas que lhes queria, foram aparecendo...tinha os músculos retesados...mas que feliz me sentia...
Apesar de tanto cansaço a obra ficou terminada; com pompa e ao toque de bombos a puseram um dia, na água, e ali perante a freguesia, o suor que durante meses saiu do meu corpo, deu-me a tremenda compensação, por ver o rosto de tantos lanhesenses felizes, muitos deles comovidos até, pelas lembranças que lhes passaram pela memória, ao verem que o barco Água-arriba de novo existia e que o tal pinheiro decepado serviu uma das mais nobres causas...a de fazer perdurar a memória de tempos há muito idos, os tempos do Lima, os tempos do Água-arriba.

Mestre-Caninhas.

Amaro Rocha também leu o texto da sua mesa, assim como Hélio Franco, tendo ambos focado e muito bem, vários aspectos relacionados com o Lima e indubitavelmente, com a obra de construção do barco Água-arriba.



A noite já ia longa e entre estórias contadas, poemas declamados, novo brinde desta vez com tinto-maduro (uma delícia) e uma justa homenagem aos funcionários da Junta que mostrando um tão grande sentido de comunidade, tudo prepararam e muito bem, desde o jantar até às imensas entradas, assim como o bolo confeccionado pelo João (muito bom) e todas as sobremesas; foram devidamente ovacionados pelo seu presidente assim como por todos os presentes e que bem mereceram essa grandiosa salva de palmas! A eles o meu adereço público de Parabéns!





A mais que merecida ovação aos funcionários da Junta e outros, que ajudaram a preparar esta noite.

Um lanhesense também não ficou esquecido, recordado por um poema que compôs ao rio Lima e que deu origem a uma das mais belas baladas cantadas sobre este rio, Rogério Dantas, relembrado por Manuel Paraiso e entoado por algumas das senhoras (belas cantadeiras) de lanheses, presentes! Ficou no ar a promessa de que a Ana Ferreira em breve teria arranjo musical para este poema e o virá a entoar...magnífico!

Ai, ai, ai, ai, oh mais bela sereia sem par!
Ai, ai, ai, ai rio Lima que corres pró mar!

Numa última alusão e falando também, no nível pausado e cuidado que lhe é conhecido, já mais para o final, Remígio Costa, abordou dois temas e muito bem, um jocoso, o segundo, e um primeiro, infeliz acontecimento relacionado com o Lima e a morte de dois irmãos, filhos do Sr. Gaspar, vitimas do estado em que o leito do rio se transformou depois da célebre extracção de areias. Muito bem visto pelo amigo Remígio Costa, que veio lembrar que o rio não é só "coisas" boas, infelizmente, alguns acontecimentos trágicos também lhe são associados! Nada ficou esquecido, tanto de bom, como (infelizmente) de mau; esta é a nossa natureza!



No final, um dos momentos mais belos da noite! Paulo Pinto ao piano executando o tema "Amazing Grace" foi acompanhado pela voz soprano de Ana Ferreira que nesse preciso momento cantava no andar superior (ou seja, sem ser vista), na sala destinada ao anfiteatro e que estará pronta em breve, sendo que a sua insonorização será realizada pelo mesmo técnico que criou a da Casa da Música no Porto (motivo de orgulho para todos nós), provando as capacidades acústicas do edifício e tendo feito emocionar muitos dos presentes, eu principalmente! Magistral!

Houve ainda lugar para o executar, da parte do fantástico duo composto pela Ana e pelo Paulo em jeito de despedida, do tema "De volta pró meu aconchego" de Elba Ramalho e "My Way" de Sinatra, terminando este duo, com os tertúlianos todos em pé acompanhando com palmas, o mais que famoso e típico "Havemos de ir a Viana", poema de autoria do grande e saudoso Pedro Homem de Melo, que tanto amou Viana e o Alto-Minho, imortalizado pela voz de Amália Rodrigues, desta vez entoado pela voz melodiosa de Ana Ferreira!

Terminou em grande esta tertúlia e a fasquia desta vez foi elevada a grande altitude, mas, pelo modo entusiasmado com que o presidente Ezequiel prepara estes saraus, aliás como em tudo o que prepara, não terei dúvidas, que a próxima, lá para Outubro, será ainda melhor que esta, que foi, MÁGICA!

Algumas fotografias da sala em noite tertuliana!






















Fantástico!



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