segunda-feira, 25 de junho de 2012

Noites cálidas em Lanheses...

Noites cálidas em Lanheses
também as temos por vezes,
noites como esta, de puro Verão
música no meu coração...
enquanto sondo a escuridão
sentado no divã da minha esplanada
enquanto contemplo a noite, o belo e o nada,
varinha de condão tocada por uma fada...
que em mim faz esboçar um sorriso
um murmúrio, pouco siso
por sentir o quente desta noite,
na pele suor e um açoite
sacudido por breve brisa
que se vem depositar na pele lisa
desnudada de par em par
ao som desta noite, vem comigo, vem amar!

Amar, amar e ser amado
poeta louco e renegado
que em tudo põe rima
e bem explicado,
tal qual a noite que vive agora
e melancólico nesta hora
por já até, sentir saudade...
que noites destas sejam verdade!

Na noite, ao longe, o latir de um cão
e mais o canto de um passarão
e um gri-gri de um senhor grilo
mais o coachar da dona rã,
um miauuuu de um gatinho
muito ao de leve e de mansinho,
o córócócó de um garnisé
que a brisa traz, aqui ao meu pé
e me faz sorrir de novo assim
por uma noite que faz crescer,
ternura em mim...
neste meu ser...

A Araucária de Lanheses, ali em frente
agora fala para mim,
é noite, o céu está claro, e o ar está quente
que bem se está, só, mesmo assim!
E as luzes pálidas dos candeeiros
que são os meus vizinhos aqui na estrada
brotam chama, são fumeiros,
que bela luz alaranjada!
E os montes aqui em meu redor
escuros, rodeando este vale
velam por nós, lhes sinto o fervor
sentinela torpe, lhes equivale!
Vem cá fora, sentar-te ao pé de mim
e troquemos enfim muitos abraços
porque uma noite tão cálida assim
faz-me querer, admirar teus finos traços!
Sob a noite quente e sob as estrelas
que nossas testemunhas de amor serão
como pintores pintando telas
ao som desta tão rica imensidão!


Este retrato pinto em cor
mesmo pintado na noite escura
que belo canto, que grande amor,
que sentimento, quanta ternura,
assim com palavras pinto este quadro
de uma tão quente noite, e aconchegante,
tal como um tema que enquadro
numa tela tão intensa e tão brilhante...

Noites cálidas quem as não tem?
Quem as não viu ou mesmo, as pôde sentir?
Como estas aqui em Lanheses e o coração a reluzir...
Muitos, talvez, ou com certeza,
sentem como eu tamanha beleza...
Quantos as saberão desfrutar?
Com uma rima e a versejar!

Porque uma noite cálida, como esta
faz minha alma, jubilar em festa...

É tarde...
já não há palavras
já não há pincéis
já não há telas
nem textos...
e...os olhos, cedem lentamente
ao sono, e à cálida noite...mas sempre, a eles fiéis!





(do autor Sérgio Moreira)




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