Um dos animais que mais abunda na nossa fauna e que muita gente tem o costume infundado de temer, diga-se, e até de matar, quando na presença de algum destes grandes lagartos, é o Sardão, Lacerta lepida, e, na nossa aldeia é um dos grandes representantes da classe dos répteis. A zona afecta ao Parque Verde é um verdadeiro santuário no que toca à ocorrência e visualização deste fantástico género de animal.
O Sardão, é um réptil, um lagarto, que pode chegar a atingir os 90 cms de comprimento sendo a cauda sensivelmente correspondente a três terços do seu tamanho. Normalmente mede entre os 30 e os 60cms (na generalidade dos indivíduos analisados) apresenta por todo o corpo uma cor verde viva, repleta de manchas azuladas quando macho, a fêmea apresenta poucas ou nenhumas manchas e que lhe dá uma agradável tonalidade e aspecto, patas fortes com enormes garras, curvas e longas, cabeça robusta e grande. Os machos são também, mais claros que as fêmeas e os juvenis normalmente são acastanhados. Em cativeiro podem viver 25 anos, na natureza, vivem cerca de dez, o que se pode considerar razoável, em termos de longevidade!
O Sardão é um réptil e como tal, hiberna de Outubro a Abril, para depois na Primavera, despertar do seu sono invernal. Nesta altura o macho torna-se extremamente territorial e violento para com os outros machos, dado que vivem a época do cio. Entre Junho e Julho, (escolhi esta altura para postar no blogue, precisamente por causa disto) as fêmeas põem entre oito a vinte ovos (mais coisa menos coisa), escondendo-os em buracos nas rochas, por baixo de folhas ou até em troncos de árvores e passados oito a 14 semanas eclodem os mesmos e ao fim de dois anos as crias estarão sexualmente activas. Nesta altura as nossas áreas povoadas por este lagarto estarão a ser brindadas com novas posturas e criações. A natureza regenera-se a cada estação do ano que passa!
Espreitando o perigo!
Um dos maiores que ocorrem no Parque Verde.
Este lagarto alimenta-se sobretudo de escaravelhos e outros insectos, podendo eventualmente, caçar pequenos anfíbios e atacar ninhos de aves para devorar os seus ovos. É por sua vez presa, de inúmeras aves de rapina entre elas o Buteo, ou Águia-de-asa-redonda, que os caça com frequência. O outro e grande inimigo do Sardão, é curiosamente o ser humano; a taxa de mortalidade por atropelamento destes lagartos é altíssima, uma vez que estes se colocam frequentemente no meio das estradas esticados ao Sol para aquecer o seu corpo, dado que, são animais de sangue frio.
É uma espécie autóctone da Península Ibérica até à raia dos Pirenéus franceses e ocorre em zonas de campo, cultivadas ou não, zonas serranas, junto a cursos de água e curiosamente, muitas zonas habitacionais, onde e muito erradamente, são mortos pelo ser humano que infundadamente o continua a temer. Este lagarto grande, quando confrontado com o perigo, nomeadamente nós, abre a boca e sibila, podendo saltar com toda a facilidade para o seu opositor. Talvez por isto seja tão combatido pela espécie humana que se esquece que se tivermos um ou dois nos nossos quintais certamente teremos um grande aliado no combate às pragas de moscas e outros insectos que no Verão nos costumam afligir! Quem nunca ouviu aquele infundado mito, de que o Sardão, para as mulheres em particular, pode ser muito perigoso porque lhes pode trepar com facilidade pelas pernas acima...ridículo! Ele trepa com facilidade, é às árvores e, quando confrontado com a nossa presença a sua defesa é a fuga, que executa com singular e extrema rapidez!
Este pobre infeliz jaz, junto a um caminho na veiga.
Se eventualmente se cruzar com um destes fantásticos animais, não pense em matá-lo, pense antes que eles têm exactamente o mesmo direito que nós a existir e convém até, preservá-los, pois são um enorme aliado no que toca a combater certas pragas de insectos e um garante do equilíbrio dos ecossistemas!
E, se eles deixarem, não tenham medo, peguem num e sintam o corpo fenomenal, que é o de um réptil, como este! Como curiosidade, posso deixar aqui no blogue a referência de que o lagarto, é há muitos séculos, conotado como símbolo de sorte...por tudo isto e muito mais, não os combata, preserve-os, antes!
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