segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

SABORES de INVERNO! Foi assim...1ª parte

Sete horas da manhã, noite escura ainda, e chuvosa, diga-se em abono da verdade; já o autocarro contratado para este passeio turístico esperava e recebia os sessenta lanhesenses que pausadamente iam chegando ao largo do centro escolar de Lanheses para participarem neste primeiro passeio turístico organizado em função deste blogue, comemorando as muitas mais de cinquenta mil visitas que este espaço virtual tem a honra de ter recebido por todos quantos o visitam, acompanham e se revêem no mesmo.
 
Mais minuto menos minuto, cumpridas que estavam as formalidades de "embarque" este numeroso grupo conduzido pelo amigo e motorista, Hélder, lá se pôs em marcha, com destino à mítica EN103, atravessando paisagens de beleza singular, pese embora o sinuosismo da referida estrada nacional. Tomando o sentido de Ponte de Lima com destino a Braga, em cerca de uma hora e vendo o dia nascer pelos vidros fumados do autocarro, este grupo de lanhesenses em breve entrava na referida nacional e começava por assim dizer, verdadeiramente, este primeiro passeio organizado pelo autor do blogue.
 
O primeiro ponto de paragem estava traçado e em breve se atingia. Póvoa de Lanhoso, terra de ourives e de ouro e também conhecida pelo seu castelo roqueiro que se encontra plantado no alto do maior monólito nacional; uma gigantesca bola de granito, cujo topo alberga o castelo e um santuário religioso, o da Senhora do Pilar. 
 
O autor do blogue, não pretende até à exaustão, fazer uma descrição pormenorizada do que foi este passeio, apenas pretende realçar alguns dos pontos visitados e que faziam parte do roteiro desta visita, pelo que, dentro deste raciocínio, vai postar de imediato algumas das fotografias que foram sacadas pela objectiva da sua Fuji, de modo a que, quem se tenha visto impossibilitado de participar e muito o queria, possa ter ideia daquilo que foi visitado. Pede o autor do blogue perdão, a quem tenha ficado em lista de espera, e foram muitos, por não terem tido lugar no autocarro, mas, com prazo alargado os participantes foram ocupando lugar democraticamente neste passeio pela ordem que se foram inscrevendo até se ver esgotada a lotação do mesmo. Assim foi decidido pelo autor do blogue, assim se cumpriu este preceito democrático.
 
Recebidos a pingos de água que se abatiam do céu, primeira pausa para muitas fotografias e contemplar, na medida do possível, pois as nuvens eram muitas e densas, toda a Póvoa de Lanhoso, ao fundo para norte os picos recortados da serra do Gerês e o castelo roqueiro da Póvoa de Lanhoso mais o santuário da Senhora do Pilar. 
 
  
O grupo chegando à Póvoa de Lanhoso.
 
 
Torre de menagem, do que resta, do castelo roqueiro da Póvoa de Lanhoso.
 
 
Santuário da Senhora do Pilar. Olhando este santuário construído pela megalomania humana, com pedras do castelo que se situa por trás, destruindo-o, o autor do blogue, profere somente o seguinte comentário: - Tristes erros há, que a natureza humana, em tristes horas costuma realizar!
 
 
Após esta paragem turística, de acordo com o estabelecido no programa, muitas fotografias tiradas, explicações dadas pelo autor do blogue, que se viu na eminência de ser o guia do passeio, tal função justificava-se plenamente, pois, explica quem sabe ao que vai quem é sabedor daquilo que conhece e que tanto admira. Depois de algumas conversas com os mais atentos no alto desta bela e gigantesca bola de granito, de uma paragem mais pormenorizada por Amaro Rocha e o autor do blogue, admirando um sobreiro de proporções descomunais, foi chegada hora de ocupar de novo lugar no autocarro Mercedes-Benz e seguir viagem.
 
Entretanto às páginas tantas começavam-se a ouvir as primeiras reclamações, e autor do blogue tem para estas, sábia (perdoe o leitor a falsa modéstia nas palavras) teoria, habituado que está a lidar com as incongruências do ser humano. As mulheres, esse maravilhoso ser que o autor do blogue tanto venera, reclamavam; reclamavam cedo pelos insuportáveis turpores que as bexigas mais intempestivas manifestavam motivados pelo lânguido balançar do Mercedes ao sabor das intermináveis curvas da EN103! Mandam as mulheres, obedece o autor do blogue, a tal sábia teoria, e num café-restaurante situado junto da borda da EN103, com o mágico nome de KUBO, que de mágico nada tinha, lá se deteve o Mercedes, e o motorista Hélder lá permitiu que se esgotassem, quer os papeis higiénicos do WC feminino, quer as chávenas de café e a paciência da senhora de aspecto ruralizado, proprietária do espaço, ao servir a bica da manhã para cerca de sessenta homens e mulheres, que encheram vazio tasco tal como se apresentava minutos antes da paragem de um certo autocarro avermelhado de marca Mercedes. Mal corre o passeio que não sofre reclamações femininas, assim como mal corre o feminismo que não reclama, e doente está a mulher, quando não tem de se deter, parar o que está a fazer seja importante ou não, pois naquele corpo maravilhoso, bem lá no interior, abaixo do órgão que a torna única, o útero, está o órgão que a torna frágil...a bexiga. (risos)
 

 
 
 
 
 
Se cheio estava, vazio ficou o Kubo e nem a chuva nem o olhar doce e penetrante de um enorme sabujo molhado da cabeça às patas, impediram a marcha destes lanhesenses estrada nacional fora, ao ritmo de muita cantoria (as mulheres já estavam aliviadinhas), de discursos inflamados do amigo Manuel Paraíso e das constantes intervenções do autor do blogue ao microfone do Mercedes, explicando a todos as localidades importantes que estavam a atravessar e por onde a nacional 103 os levava, assim como pela interminável beleza das paisagens, quer do Gerês à esquerda com o Cávado ao fundo serpenteando monumentais desfiladeiros, quer da Cabreira à direita, por onde serpenteava também a nacional 103.
Salamonde e a sua barragem, Rendufinho e os seus granitos, a muito importante e histórica  Ruivães palco de muitas lutas entre portugueses e franceses e mais tarde entre liberais e monárquicos com o seu Pelourinho e a ponte da Mizarela, a ponte do diabo ficavam para trás, para em breve, chamados à atenção pelo autor do blogue à chegada a Venda Nova, verem o cinzento mas imponente muro côncavo da sua barragem que ali cria um lago artificial de proporções dantescas e dá à paisagem um toque de beleza único. É aqui que a nacional 103 adquire contornos de uma beleza singular, quando a mesma serpenteia os muitos lagos e lagoas que compõem este grande lago artificial. Aqui calaram-se algumas vozes mais audíveis, pois a paisagem, soberana e de uma beleza tal que é, cala até os mais incrédulos ou os mais distraídos! Aqui se juntam dois rios, o Rabagão vindo entre as serras do Barroso e do Larouco onde nasce, para aqui afogar as sua mágoas no Cávado e nele se derramar com total placidez criando por tal feito, um dos maiores lagos artificiais do país e um dos mais belos, guardado pela imponência das grandiosas fragas do Gerês!
Após toda esta espectacularidade visual, novo impacto perante o olhar, quando muitas vozes já cantavam de novo e uma pequenina lanhesense de olhos azuis cristalinos e longo cabelo louro, obrigou o Mercedes a parar momentaneamente por causa de uma indisposição típica de quem circula numa nacional com as características da nacional 103. O impacto visual é criado pelo gigantesco muro da barragem do Alto Rabagão, que alguns quilómetros abaixo, em plena nacional 103, já se destaca sobranceira na paisagem.
 
Nova paragem. Desta feita não para que o mulherio mais sensível desse azo aos rigores do corpo, mas porque fazia parte do roteiro para apreciar, quer a beleza destas paisagens quer a grandiosidade desta monumental obra, dos tempos da velha senhora, que tal como as velhas senhoras, não apresentava só defeitos, algumas virtudes também! A barragem do Alto Rabagão, cria o segundo maior lago artificial do país, logo atrás do lago artificial criado pela barragem do Alqueva na planície alentejana, muito a sul, cria um lago com cerca de quatro quilómetros de largura por vinte (!) de comprimento (veja o leitor a grandiosidade desta obra pública) e alberga uma capacidade de armazenamento de água na ordem do 500hm3(hectómetros cúbicos!). O seu paredão mede quase os dois quilómetros de comprimento e divide-se em dois, em arco tal como a barragem do Lindoso, a passada barragem de Venda Nova ou a de Vilarinho das Furnas, mas ao mesmo tempo em sistema de gravidade, tal a descomunalidade do seu gigantesco paredão!
Mesmo chovendo ninguém resistiu a abandonar o Mercedes para contemplar semelhante beleza que aos olhos se mostra e que os olhos banha, recortando os picos do Larouco e do Barroso. Este grupo de lanhesenses estava já em terras de Trás-os-Montes. Província, tal como o Alto-Minho, tão esquecidos pelo centralismo burocrático da capital deste país, mas amados de sobre maneira pelo autor do blogue, pátria amada e cantada por Adolfo Correia da Rocha, Miguel Torga, de onde era oriundo em Sabrosa,Vila Real.
 
  
Paredão em arco da barragem do Alto Rabagão.
 
 
Imenso lago articial criado pelo paredão da barragem.
 
 
O autor do blogue não é egoísta, nem tão pouco sofre de distúrbios da mente que lhe permitam ignorar que estes altíssimos muros de betão estão construídos à custa de muitas vidas e de muito sofrimento, pois debaixo de semelhante beleza se encontram submersas na memória destas águas o sofrimento que as barragens vieram trazer aos habitantes de então, das aldeias que aqui, tal como em Venda Nova, jazem a profundidade considerável! O que os olhos vêem a mente contempla e se aos olhos lhes aprova a beleza que caracteriza estas paisagens, a humanos olhos do autor do blogue, não passam esquecidas as lágrimas vertidas por estas gentes destas agrestes zonas que se viram privadas do dia para a noite de tudo o que era seu, mesmo que, humanos olhos tal não contemplem!
Menção foi feita a esta notável gente do Barroso e de Trás-os-Montes, através do microfone do Mercedes, para que todos quantos ontem passeavam com prazer, tivessem também o desprazer de saber que por aqui muitas lágrimas foram derramadas!
 
O Mercedes fez-se à estrada novamente para correr toda a nacional 103, sempre à esquerda do imenso lago artificial criado pela barragem, com paisagens de cortar a respiração, para em breve, abandonar a mítica (o autor do blogue não se cansa de o dizer pois esta estrada assim o merece) nacional 103, e entroncar com a municipal 308 com destino a Montalegre, que estava agora a poucos quilómetros de distância. Quem se propor a percorrer a EN103 com destino a Bragança, ao invés de seguir o sentido de Montalegre, como estava estipulado neste passeio, quer com viva chuva, quer com resplandecente Sol, terá perante o olhar quilómetros de admirável espectáculo, pois a braveza da paisagem, embora não menos bela por mais brava que se mostre, preenche a alma e o coração ao viajante mais distraído como até ao viajante mais experiente! Faça-o, assim aconselha o autor do blogue, que quando pode, vem desafiar brava alma para paragens tão bravas...
 
Montalegre é já além e no céu se vêem já as torres do Castelo de Montalegre. A XXII Feira do Fumeiro e do Presunto do Barroso esperava a entrada em breve, de um grande grupo de sessenta lanhesenses, que em passeio e alegremente, chegavam por fim, a mais uma paragem no roteiro proposto pelo autor do blogue. Chegava a prova dos "Sabores de Inverno", das carnes, dos chouriços e presuntos fumados, dos licores almiscarados e adocicados, confeccionados de acordo com as tradições das gentes do Barroso.
 
Montalegre, apesar dos pingos de chuva caídos do céu, continua, terra repleta de magia...magia que passados muitos anos desde que cá se começou a dirigir e por ela a encantar, não se perdeu, ao olhar de encantado ser que por aqui se perdeu! O autor do blogue...
 
(continua no próximo post)
 
 
 
 

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