segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Relembrando o "Zé da Custódia"!

Este espaço virtual somente tem sentido quando é participado por todos os que julgam ter em sua posse material que achem conveniente ser partilhado, quer seja material que represente alguma personalidade por mais simples ou eloquente que seja, quer represente alguma paisagem lanhesense, ou mesmo vivência de tempos idos desta aldeia maravilhosa. O autor do blogue é um ávido consumidor de saudosismos, um exarcebado amante de história e de vivências dos tempos passados, mesmo que o passado, nunca seja verdadeiramente passado, pode até ser ido, quando lembrado, transforma-se em presente! E se tema existe, que agrade ao gosto pessoal do autor do blogue, esse tema é o que retrate tão simplesmente, gente simples, vivendo a sua simples vida!
Nada mais grandioso!
 
É o caso da "personagem" que neste tópico é relembrado e que ao autor do blogue foi enviado via email pelo amigo e grande colaborador deste espaço, Amaro Rocha.
 
Citando Amaro Rocha:
"José Pereira, mais conhecido por “Zé da Custódia”, era filho de Custódia Inocência de Sousa Pereira, e viviam numa pequena casa de taipa, à muito demolida, no lugar do Barreiro. Sobreviviam com um pequeno negócio de distribuição de pão e criação de ovelhas, actividades em que José colaborava activamente, apesar da deficiência mental que possuia. Manhã muito cedo, com um saco ás costas, distribuia pão ao domicilio nos lugares próximos do Barreiro, tarefa que sua mãe Custódia também fazia noutros lugares da freguesia. As restantes horas do dia, eram ocupadas pelo popular Zé da Custódia, a apascentar as ovelhas nas bermas da estrada nacional 305 (Lanheses a Vila Praia de Âncora). Isto numa época em que nessa estrada “passava um carro de vez em quando”, ao contrário dos tempos actuais, cujo o tráfego é intenso. Está bem presente na memória dos que conheceram o “Zé”, a maneira intensa com que vivia o Domingo de Páscoa. Vestia o seu coçado fato, punha brilhantina no cabelo e visitava todas as casas dos lugares próximos, onde a cruz entrasse. Era bem recebido e acarinhado por toda a gente, que lhe ofereciam os tradicionais “Doces da Páscoa”, (de gêma de ovo e açucar branco por cima) que ele ia guardando nas algibeiras a abarrotar. José ia agradecendo com um grande sorriso e uma sonora gargalhada!
Na década de 1990, Custódia sentindo o peso da idade, pegou nas suas economias e levou consigo o filho para a Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo (Caridade), onde faleceu. José Pereira sobreviveu ainda alguns anos, acabando também por falecer nessa instituição. Ambos por vontade expressa em vida foram sepultados no cemitério de Lanheses.
Pessoas simples, fizeram parte da vida de muitos de nós. Merecem aqui ser recordadas, sobretudo pela tenaz luta diária pela sobrevivência a que estavam sujeitos. Só por si um exemplo de vida que merece ser recordado, até porque vivemos numa época “em que ninguém está satisfeito com aquilo que tem”."
 
 
Zé da Custódia, apascentando pequeno rebanho na berma da EN305.

Nestes tempos modernos, uma imagem como esta, onde junto à (ainda calma) estrada nacional, se vê muito verde, quer o da latada, quer o dos campos, aliado ao facto de vermos os animais pastando e um homem simples e sorridente, vale muito, vale muitíssimo...
 
Fossem assim simples, nossas complicadas vidas, iluminados rostos por um sorriso simples! Quantos de nós foram assim felizes!?!
 
Ao Amaro, o agradecimento do costume!
 
 
 

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