terça-feira, 11 de junho de 2013

ENCANTOS da PRIMAVERA! A VIAGEM MOCHE...2ª parte.

A VIAGEM CONTINUA...
 
Ficavam para trás as terras de Mirandela, avançava calmamente o "Moche", seguindo o sentido de Vila Flor através da EN 213 e em breve ao microfone, o autor do blogue iniciava discurso e apelo, para que os viajantes fitassem a paisagem que se lhes apresentava a seu lado direito onde para além de se ver o belo leito e não menos belas margens do Tua correndo para a sua foz em pleno Douro se via agora contígua a estes, um troço de ferrovia a mais que famosa linha do Tua..que tanta polémica tem levado a público nos últimos anos. Aqui o autor do blogue iniciava uma parte deste passeio menos calorosa, onde foi chamando a atenção dos viajantes para os problemas da desertificação do interior do país, o temível e terrível abandono destas terras e destas gentes, por gentes que tais como estas, das primeiras e dos seus problemas, não querem no mínimo saber nem tão pouco importar! Uma linha férrea que tem um tremendo potencial turístico, poderia vir a ser a tábua de salvação para esta região,arrisca-se agora com a construção de uma barragem a jusante, no Tua, que incrivelmente engolirá parte do trecho desta linha férrea. Como consequência já se adivinhará, como outras tantas linhas férreas por este país desmanteladas e vetadas ao abandono, o que a esta acontecerá...
 
Ficou no ar o alerta e a forma sensível como os viajantes reagiram à comunicação destes dados. O "Moche" a cada quilómetro devorado em direcção a Vila Flor, mais se embrenhava no Portugal abandonado à sua sorte...um dos temas deste passeio turístico! Nem só de belas coisas vive o homem, o que de mau e errado existe deve ser também mostrado e neste passeio turístico procurou-se perceber e dar a entender aos viajantes o quão difícil está a ser a vida destas comunidades, cada vez menores em número de indivíduos!
 
 
 
 
 
Em breve o "Moche" se detinha no IP2 para nova paragem programada, desta feita em pleno vale do Rio Sabor, também ele afluente do Douro, tal como o Tua, e que detinha até há bem pouco tempo o epíteto de um dos últimos rios selvagens da Europa! Tal como a jovem que perde a virgindade entregando-se nos braços do homem que ama e a ele dando-lhe toda a sua pureza, o Sabor qual mulher enganada encontrou o errado homem entregando-se a quem não devia, dando toda a sua pureza a quem cruelmente o vai destruir...
 
 
Paraíso de Sousa numa bela alusão aos produtos naturais aquando da chegada do "Moche" ao vale da Vilariça.
 
 
O "Moche" deteve-se junto à Ponte da Portela, obra emblemática dos tempos dos Távoras, a quem fidalgo ministro em Lisboa ordenou que as cabeças fossem decepadas, e que em breve deixará de estar à vista, para que humanos olhos possam apreciar tamanha beleza secular! Quer a montante como a jusante da dita ponte, um complexo sistema de barragens está a ser construído, a barragem do baixo Sabor, que engolirá tudo e todos neste bravio e belo vale retirando para sempre a palavra selvagem ao Rio Sabor...esta como outras pontes mais a montante serão engolidas pelas águas da albufeira que ali artificialmente será criada pelos muros do complexo de barragens! Destrói-se um património natural de valor incalculável polvilha-se tudo com muito betão para no final do mês o leitor, como é apanágio da gente de bem, pagar a conta da luz a cada mês que passa, mais e mais alta! Progresso, progresso...bela receita!
 
A montante, a construção de nova ponte para substituir a histórica que vai ser engolida literalmente pelas águas da albufeira.
 
 
 
 
 
Tristes olhos a tristes horas, tristemente miram pela triste última vez, estas tristes margens e tudo o que tristemente vai desaparecer...
 
 
Progresso...
 
 
 
 
 
Erva-de-bacalhau, excelente para saladas e que somente ocorre na província de Trás-os-Montes...segundo explicação de Maria José Nora.
 
Com pesar é abandonado aquele local, de todo seria impossível ao autor do blogue ignorar o que de hediondo se vai perpretando por estas belas mas abandonadas bandas e mostrá-lo ao viajante que com ele viaja de modo a que compreenda os problemas deste Portugal! Ali se vai escrever mais um hediondo capítulo da história nacional...o autor do blogue sabe-o, e isso morde-lhe bem lá no interior...
 
O "Moche" apontava agora baterias para terras de Torre de Moncorvo, deixando para trás à sua infeliz sorte o não menos infeliz vale do Sabor, o milenar Vale da Vilariça, com vários comentários e e explicações acerca do mesmo e da sua importância geográfica assim como natural. Vila Flor ficava para trás também, vila de extrema beleza rural mas que por questões de logística e de gerência de tempo teria de ser ignorada e a Vila Flor o autor do blogue pede perdão por não lhe dedicar delicioso tempo de visita, que bem mereceria! Talvez numa outra ocasião, numa outra viagem! Passada também a vila de Torre de Moncorvo e a sua imponente Igreja Matriz com frontaria de aspecto militar teve de ser ignorada, pois o autor do blogue, tinha apontadas baterias para a manuelina vila de Freixo de Espada à Cinta que há muitos anos a esta parte no íntimo, desejava visitar. E as horas no relógio, sempre impávido e sereno, a grande velocidade vão passando...
 
 
 
Beleza da paisagem trasmontana com o Sol a brilhar...Estavam os viajantes em plena área do Parque Natural do Douro Internacional, um dos atractivos do "Encantos da Primavera"!
 
 
 
Freixo de Espada à Cinta! O numeroso grupo de viajantes detinha-se agora para visitar ao som da voz do autor do blogue, a vila mais manuelina de Portugal, prestar-lhe homenagem e visitar os seus pontos turísticos mais emblemáticos, a imponente Igreja Matriz, a Torre do Galo e o famoso Freixo que segundo reza a lenda, albergou por alguns minutos D. Dinis monarca de Portugal aquando do descanso que efectuou após batalhas travadas contra o séquito de Afonso Sanchez, seu filho bastardo.
Freixo revela-se deliciosa para o viajante que a visite. Encrustrada num vale em declive entre montanhas de beleza singular, ao longe na estrada o viajante apercebe-se logo dela quando avista a alta e majestosa Torre do Galo, fortificação remanescente do que resta do castelo de Freixo de Espada à Cinta e diferente de todas quantas conhece o autor do blogue, pois apresenta formato heptagonal (sete lados) contrariamente ao mais normal formato octogonal ou mesmo quadrado, como tantas outras torres de menagem.  Na área do castelo, hoje em dia, ergue-se o cemitério paroquial e abaixo deste promontório onde o vetusto Freixo ainda se ergue imponente contra os clamores do clima trasmontano com a simbólica cinta em redor do seu enorme e largo tronco, juntamente com a majestosa espada, numa analogia à famosa lenda de D. Dinis que ali repousou, ocorre não menos imponente a Igreja Matriz de Freixo de Espada à Cinta. Se no largo que ladeia a referida, o viajante já se sente sem palavras, ao observar semelhante monumento, tremendos traços na fachada de puro estilo manuelino, no seu interior o viajante fica toldado de memória, estarrecido com a beleza da imensa nave ladeada por outras duas não menos imponentes para ao fundo humano olhar se deter no altar de talha dourada de estilo barroco e claro monumental. Até as vozes mais alegres e  indiferentes a estas matérias da história se calaram, apreciando secular conjunto. Freixo de Espada à Cinta revela-se doce, simples e bela ao olhar do viajante que contempla as suas virtudes inseridas em paisagens de sonho. Se Deus realmente existe, então aqui neste espaço único, empregou muito da sua veia artística!
 
 
 
 
Monumental fachada de estilo manuelino!
 
 
Torre do Galo, ou torre de heptagonal de Freixo de Espada à Cinta. Por trás muro do que resta da antiga fortaleza de Freixo.
 
 
Simbolizando a lenda junto ao secular e monumental Freixo, que dá nome à Vila que o acolhe.
 
 
Maqueta à escala do antigo castelo onde se vê inserida a Torre do Galo.
 
 
 
No interior da torre, adaptada em tempos modernos a torre sineira.
 
 
No topo!
 
 
Helloooo...(risos).
 
 
Empurre Tia Cecília, empurre e vamos à tasca...(risos)...boa disposição, uma constante nestes dois dias.
 
 
Jorge Álvares, que participou nas campanhas marítimas das Índias, primeiro cidadão do mundo ocidental a chegar ao Japão, nascido em Freixo de Espada à Cinta. São dele as primeiras crónicas sobre o Japão e sobre a China.
 
 
Panorâmica sacada da Torre do Galo. Clique na imagem para ampliar.
 
 
Valoroso grupo de viajantes!
 
 
Freixo de Espada à Cinta ficaria para trás, guardando todos os seus encantos, para que outros viajantes que não estes embora como estes se possam por ela enamorar. Terra de gentes simples, terra de alguns dos mais eloquentes cidadãos da vida pública portuguesa, como o já citado Jorge Álvares e o conhecido poeta Guerra Junqueiro, terra pela qual D. Dinis se perdeu de encantos tal e qual muitos séculos depois, aconteceu a estes viajantes.
 
No "Moche", os lugares eram ocupados e em breve seguiria o mesmo conduzido pelo Sr. Pedro Silva, para Barca d´Alva, sem que no entanto o autor do blogue afirmasse aos viajantes que em breve teriam uma surpresa. Por dificuldades de acesso, não foi possível visitar a Praia Fluvial da Congida, uma das mais belas praias deste país, tenha embora ficado no ar a sugestão para uma visita. Em breve o "Moche" apontava a frente para a EN221 o sentido Barca d´Alva, mas um pequeno desvio à direito fez com que fosse hora de surpresas e contemplar aquilo que mais belo humanos olhos podem alcançar, natureza e paisagem a perder de vista! Com efeito sem que soubessem, estes viajantes seguiam em direcção ao Penedo Durão, o mais famoso miradouro dos tantos que ocorrem em pleno coração do Parque Natural do Douro Internacional.
 
O Penedo Durão é uma escarpa xistosa que se eleva na paisagem a uns 700m de altitude e da qual se tem uma vista privilegiada sobre os planaltos castelhanos de Zamora a norte, e Salamanca a sul, onde se vê o curso do rio Douro ao fundo, a barragem de Saucelle e é santuário das grandes aves nacionais, o grifo, ou como quiser o leitor, o abutre! Infelizmente nenhum se observou mas a tremenda beleza da paisagem ofuscou a sua ausência e ali um coro de vozes cumprimentou efusivamente o autor do blogue pela maravilhosa beleza que humanos olhos estavam a captar!
 
Em conversa com o amigo Doro Cunha o autor do blogue afirmou para ele e para todos:
- Agora ouçam o som do silêncio!
- O Som do silêncio?
- Sim o som do silêncio, porque o silêncio também tem som, o som do nada, o som do vazio! Somente é preciso saber entendê-lo!
 
Com efeito no alto daquela escarpa rochosa nem os automóveis se ouvem a circular na EN221, que serpenteia este monumento natural! Apenas cortado pelo estridente som da passarada menor que esvoaça frenética por aquelas bandas!
 
 
Rei Artur maravilhado com a paisagem! Clique na imagem para ampliar.
 
 
Para mais tarde recordar...
 
 
 
Ao fundo o planalto castelhano de Zamora.
 
 
Barragem de Saucelle. Complexo hídrico espanhol.
 
 
Pormenor da escarpa do Penedo Durão.
 
 
Maria José Nora, uma das caras novas neste género de iniciativa dando explicações sobre uma erva perfeitamente comestível.
 
 
Conversando junto ao precipício...
 
 
Exigida que foi para a fotografia a presença do guia, aqui fica para memória futura...(risos).
 
 
Em conversa com o grande amigo e colaborador assíduo deste espaço virtual, Amaro Rocha, que desta vez honrou com a sua presença, acompanhado de sua esposa Alice e pela filha Ana.
 
 
A despedida ao Penedo Durão, a Freixo e a terras pelas quais o autor do blogue se sente perdido de amores!
 
 
Hora de avançar!
 
 
Como foram muitos os que exigiram que o autor do blogue surgisse nas fotografias, cá fica satisfeita essa pretensão com duas fotografias sacadas ao mesmo, sem que este o soubesse. O autor do blogue não é dado a muitos protagonismos, prefere um trabalho bem feito, minucioso e em silêncio apreciar aquilo que de bom a vida tem para nos dar... 
 
Na companhia do amigo Doro Cunha, quando juntos, apreciávamos o som do silêncio...
 
 
Pretensão satisfeita...a todos muito agradecido!
 
 
 
 
 
Seguindo pela margem direita o emaranhado de curvas da EN221 em sentido a Barca d´Alva, os viajantes puderam ao longo de uns quase quinze quilómetros observar o leito e margens do Douro Internacional que se apresentava à esquerda para em breve, alcançarem o lugar de Barca d´Alva, terra onde nasceu o famoso filósofo português Professor Agostinho da Silva e que um dia disse - Foi em Barca d´Alva que me fiz homem.
 
Barca d´Alva é um lugarejo pequeno mas de uma beleza natural sem par. Com a Ponte Sarmento cortando o Douro, inserida entre escarpas de montanha a paisagem continua aqui de uma beleza incrível e ao olhos autor do blogue ocorre apenas a palavra paz, para definir semelhante lugar. Um breve paragem já ao final do dia, para tirar fotografias e contemplar as beleza naturais do Parque Natural do Douro Internacional, foi o que ocorreu neste lugarejo belo e silencioso, onde houve tempo para uma breve referência para o facto de criminosamente a sua estação de caminhos de ferro, outrora importante centro de tráfego de pessoas e mercadorias, ligação internacional com a vizinha Espanha estar hoje em dia ao abandono, pois em parte a linha que a servia, a do Douro, há já muito após o troço do Pocinho, está desactivada! Perdem as populações perde a economia local, perde o país que continua  não saber o que fazer a uma extensa e fenomenal rede ferroviária construída há já quase dois séculos e que poderia perfeitamente ser uma fonte de rendimento excepcional...em Portugal manda quem pode e quem muito mal manda continua a preferir as barragens...
 
 
Tremenda beleza, chegando a Barca d´Alva.
 
 
Singular beleza da paisagem...
 
 
Panorâmica de Barca d´Alva. Clique na imagem para ampliar.
 
 
Idem...
 
 
Com Agostinho da Silva...
 
 
Divertimento...
 
 
 
Pausa para um "xiripiti"...
 
 
Atrasados que estavam os viajantes pois o dia foi longo, com tanto para visitar, o autor do blogue preocupado mirava sem cessar o relógio pois a hora marcada na Pousada da Juventude de Vila Nova de Foz Côa seria retardada e o autor do blogue é homem que detesta atrasos ou falhas nos compromissos a que se propõe. Avançando pela EN221, deixando para trás a província de Trás-os-Montes, o "Moche" lentamente acelerava agora pelas intermináveis curvas da Beira-Alta, seguindo o sentido de terras de Figueira de Castelo Rodrigo, Castelo Rodrigo e Escalhão. Zona geográfica de grandes belezas naturais mas que teve de ser ignorada pois o relógio impávido não retardava a sua marcha do tempo...
 
A Castelo Rodrigo e aos viajantes o autor do blogue pede perdão, pois tão majestosas terras mereciam visita a condizer. Não dando para tudo, o tempo tem de ser gerido, ficou a sugestão de visita a cada um dos viajantes acompanhados da família. Em breve o "Moche" alcançava o milenar Vale do Rio Côa, onde este desagua no Douro, percorria as belas montanhas de Foz Côa, atravessava esta pequena vila para se deter junto ao edifício da Pousada da Juventude, onde pernoitariam estes cerca de sessenta viajantes.
 
Formalismos de ocupação de quartos vencidos, malas aviadas e tudo o mais acondicionado, foi tempo deste valorosos viajantes, que viajaram na crista da louca onda deste viajante-mor, degustarem o jantar muito bem servido, diga-se, para uma Pousada, a fazer corar muito pretenso hotel que por essas localidades fora ocorrem... tempo ainda para receber uma chamada telefónica de Lanheses da parte da edilidade, para todos cumprimentar e saber se tudo estava correndo de feição! Nobre gesto, refira-se!
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Escusado será dizer e atestar com fotografias que a festa se fez pela noite dentro, alguns mais destemidos foram em busca da noite de Foz Côa (ah bravos e bravas), outros ficaram pela pousada, outros muitos optaram por descansar e aterrar de forma mergulhante na cama e este que aqui escreve eram três da matina cerebralmente preparava o dia de domingo, que muito havia ainda para visitar...
 
Cigarro atrás de cigarro, ouvindo o silêncio da noite do Côa, o autor do blogue, o viajante-mor, cerrando os olhos tal como a escuridão que o cerrava a ele relembrou todo o dia passado assim como as belezas naturais de uma província que se abriu graciosa ao olhar de tantos viajantes...
 
A VIAGEM CONTINUA, A VIAGEM CONTINUA JÁ...NO PRÓXIMO CAPÍTULO!
 
 

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