domingo, 22 de setembro de 2013

JÁ NÃO EXISTEM GRANDES BARCAS NO LIMA...

Já não existem grandes barcas no Lima, que o naveguem, que o sulquem, contra ventos e marés, à custa de humano esforço, à custa da força bruta exercida no topo de uma vara de madeira de carvalho ou de madeira de salgueiro pela mão do barqueiro que a finca no fundo arenoso do leito do rio, profissão que também se extinguiu e nos modernos dias de hoje não passa de uma miragem, não passa de uma doce lembrança...a figura hercúlea avistada da margem, do homem à proa ou à ré surgindo por entre as brumas de nevoeiro que se erguem no ar saídas da água do Lima!
 
Milénios antes, já o homem primitivo que habitava estas paragens sulcava o rio em rudimentares embarcações por ele realizadas, cavadas com gigantesco esforço em troncos inteiros de árvore auxiliados por vetusto remo, hoje em dia apelidado de pagaia, conjunto de marear que com a piroga, formavam um só e dele o primitivo homem sacava do Lima parte do seu sustento!
 
Hoje em dia nada disso existe, ou será que existe? Existe sim!
A abundância de oferta de alimento, a tremenda evolução e desenvolvimentos económico social permitiram ao homem moderno abdicar da busca incessante por alimento, da busca incessante por sobrevivência e afinal, para meros fins turísticos numa pequena aldeia situada no Minho, em pleno vale da Serra d´Arga, existem, um exemplar dessas fenomenais  longas barcas que sulcavam as doces águas do Lethes e existe também uma réplica de uma piroga, executada do mesmo modo que há dois milénios e meio atrás no tempo, à custa da força bruta dos braços de um homem que cavou num tronco de carvalho americano a referida piroga, como o autor do blogue o costuma apelidar, Mestre Caninhas!
 
Ora este homem relativamente baixo em estatura mas de aspecto forte, robusto e de feitio absolutamente resoluto, resolveu recriar as viagens que os seus antepassados faziam, quer a bordo dos grandes água-arriba quer a bordo de rudimentares pirogas e numa iniciativa inédita navegou a bordo da piroga por si executada a distância compreendida entre Lanheses e a montante a Vila de Ponte da Barca.
 
O autor do blogue não pôde pelos mais variados motivos acompanhar esta aventura rio acima, mas quem sabe um dia acompanhe "Mestre Caninhas" numa das suas aventura e depois a relate aqui pormenorizadamente. Entretanto ficam postadas as fotografias da chegada da piroga conduzida por "Mestre Caninhas" com auxílio nas pagaias de Gualdino (Maciço para os amigos) e Doro Cunha.
 
Ao longe a chegada...
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
Muitos aguardavam a chegada da piroga.
 
 
 
"Mestre Caninhas", artista na arte de marear e de embarcações construir!
 
 
 
Espumante de honra!
 
 
Doro Cunha acompanhado da esposa, Rosa.
 
 
 
Confraternização...
 
 
 
Os protagonistas da chegada! Da esquerda para a direita, Doro, Caninhas e Gualdino.
 
 
 
A grande protagonista...réplica de piroga milenar!
 
 
Afinal ainda existem grandes barcas no Lima
numa pequena aldeia no coração do Alto-Minho
cantadas e pintadas nesta pequena rima
a elas dedicadas com extremo carinho...
 
Braços que com força bruta cruzam
as águas do rio do esquecimento
firmes vontades que do rio abusam
em viagens de puro encantamento!
 
Com espírito audaz assim advogas
em leito feito, calmo e encantador,
afinal ainda existem grandes barcas e pirogas
 
no rio que Lanheses banha com amor!
Barcas, pirogas e mais barquinhas
construídas pelo génio de "Mestre Caninhas". 
 
 
(do autor Sérgio Moreira)
 
 

Sem comentários:

Enviar um comentário