terça-feira, 17 de setembro de 2013

UM ADEUS AO VERÃO - MAIS UMA VIAGEM MOCHE - 2ª parte.

(Continuação).

Quando inicialmente meio autocarro de viajantes se propôs a cumprir esta primeira visita programada o autor do blogue espantado ficou, na entrada desta soberba propriedade, no momento de compra de bilhetes, que a grande maioria destes viajantes resolveu por fim visitar o Solar de Mateus e após todos estarem munidos do seu ingresso que lhes dava livre acesso à propriedade o numeroso grupo juntou-se para a fotografia de grupo, uma das muitas que se tiraram neste "Um adeus ao Verão" mesmo onde a vista alcança beleza sem par junto ao gigantesco lago frontal com a casa senhorial por trás num cenário deveras delicioso! Que beleza, por momentos foram vários os que ficaram atónitos com a beleza das singulares linhas arquitectónicas que compõem este solar assim como com os esplêndidos jardins que a antecedem. Com direito a guia a visita à Casa de Mateus iria iniciar-se.
 
 
Para memória futura, em Mateus!
 
 
Esta pérola de estilo barroco edificada numa pequena aldeia junto à grande urbe de Vila Real, pode passar despercebida a muitos olhares mais distraídos mas incólume não passou ao olhar do autor do blogue. Passar em Vila Real e não se deter em Mateus, degustar o seu solar, uma das maiores e mais bem preservadas casas senhoriais de Portugal, recheada de aspectos históricos e carregada de historicidade também, seria talvez o mesmo que ir a Roma e não visitar o Vaticano, ou o Coliseu, ou enfim, outro monumento de grande significado histórico!
 
Os viajantes foram, os viajantes ficaram deliciados com aquilo que viram!
 
O numeroso grupo teve de ser dividido em pequenos grupos de dez pessoas para que a visita se pudesse realizar com a atenção divida e por questões de logística, dado que nessa dia muitos eram também os viajantes das mais variadas nacionalidades que visitavam esta pérola transmontana! O autor do blogue deixou-se ficar juntamente com a sua esposa para o grupo final de modo a controlar o término da visita e enquanto outros iniciavam a visita guiada ao interior da moradia, salas, salões e no final a capela, o autor do blogue e o seu grupo deram um passeio a pé pelos jardins desta propriedade, visitaram a adega e fizeram uma prova de vinhos na sala para esse efeito disposta.
 
Os jardins deste solar foram inspirados nos jardins do Palácio de Versalhes, em França e num emaranhado de labirinticos corredores de harmoniosas formas geométricas muitas flores e muitas pequenas árvores e arbustos dão ao local um aspecto quase celeste onde humano ser relaxado tem por obrigatoriedade sentir-se! O autor do blogue destaca das muitas formas vegetais de vida que por ali encontrou, um imponente cedro que ocorre junto ao pátio do solar, com data aproximadamente de meados do século dezanove, ou seja já com mais de cento e cinquenta anos!!! Tremendo!
 


Delicioso pormenor recheado de singular beleza!
 
 
Junto a um cipreste português, á esquerda na imagem, o imponente cedro!
 
 
O viajante que se proponha a fazer uma visita a este solar encontra ali aspectos de uma riqueza impressionante, quer histórica quer paisagística e numa conjugação perfeita entre a pedra e a vegetação conseguiu a família Sousa Botelho, ainda proprietária como no início da sua construção, deste magnífico solar, um conjunto deveras harmonioso para viajante visitar! Este solar foi mandado erigir pelo terceiro morgado de Mateus, António José Botelho Mourão e foi encomendado o traço a Nicolau Nasoni, famoso arquitecto que dispensa apresentações e que aqui empregou muita da sua mestria no desenho de arquitectura civil. Uma parte da moradia ainda continua vedada ao público precisamente por ser habitada pelos descendentes desta família, nomeadamente a área da cozinha e zona social.
 
Os minutos foram passando e enquanto os restantes viajantes no tempo viajavam pelo interior do solar em visita guiada, o autor do blogue e o seu grupo foram deliciando-se com as belezas dos jardins e das harmoniosas formas arquitectónicas desta grande casa senhorial.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Passeando pelos recortados canteiros dos jardins da propriedade.
 
 
 
Um corredor natural de ciprestes em forma de túnel. Maravilhoso!
 
 
 
Dois magníficos exemplares de cão de gado trasmontano, raça já reconhecida pela FCI, a maior das raças portuguesas! Belos! Pena estarem tão afastados do contacto humano dada a sua docilidade!
 
 
Adega, onde ainda se produzem vinhos de renome, brancos, tintos e o famoso rosé.
 
 
 
Prova de vinhos!
 
 
 
 
 
Chegou então a vez do autor do blogue e do seu grupo visitarem o interior do solar, dar um salto na história e ficar boquiaberto com o valioso espólio que esta casa detém,transformada em fundação e até agraciada com a grande cruz do infante pelos feitos que promove pelo seu país. Ao passar a vetustas portas de madeira e já no seu interior o viajante perde-se perante a riqueza que encontra de objectos e artefactos históricos pertencentes a esta nobre família dos quais o autor do blogue gostaria de destacar a primeira edição ilustrada de Os Lusíadas e cartas de agradecimento vindas de toda Europa quando o nobre morgado decidiu enviar cópias para ilustres figuras deste continente, entre elas destacam-se uma do cardeal francês Richelieu outra do Czar da Rússia Alexandre!
 
O seu espólio é vastíssimo e merece bem uma visita da parte do viajante que por perto circule de Mateus. No interior da habitação é proibido tirar fotografias pelo que o autor do blogue recomenda ao leitor: - Gostou do que leu? Então visite!
 
Em conversa com outros membros deste pequeno grupo de viajantes acerca da vida do antigamente é preciso saber enquadrar historicamente a época em que este solar foi erguido, viviam-se os tempos do absolutismo na velha Europa, viviam-se tempos em que se cantavam a opulência e a riqueza, viviam-se os tempos em Portugal do Rei D. José e do seu ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, mais conhecido por Marquês de Pombal, onde as assimetrias como na Europa, entre pobres e ricos eram muitas, o fosso entre eles era de tamanho abismal, chegando-se à triste conclusão de que neste pequeno país em breve a sociedade portuguesa chegará de novo a esse lamentável ponto se nada for feito para evitá-lo...talvez revoluções ocorram como ocorreram à dois séculos atrás em que muitas foram as cabeças daqueles que viviam na opulência que rolaram no cadafalso!
 
O autor do blogue perante o fascínio que sente pela história, recomenda esta visita, no entanto, afirma peremptório; os dez euros que se pagam pelo ingresso poderiam dar direito a pelo menos uma grátis, que já deixa de ser grátis a quem paga ingresso, prova de vinho! Virtudes do capitalismo e neo liberalismo que estas nobres famílias tão bem souberam combater há anos passados, mas que do mesmo modo tão bem a eles se souberam adaptar...
A família vendeu também os direitos de imagem do famoso vinho "Mateus Rosé" a uma grande firma de venda e retalho de vinhos, pelo que se o leitor pensa encontrar na Casa de Mateus a famosa garrafa de baixo ventre, desengane-se, a mesma já não é comercializada por esta família!
 
A visita terminava e perante a algazarra de um grupo de viajantes que decidiram não visitar a Casa de Mateus, o autor do blogue dava por terminada esta parte do programa!
 
O "Moche" avançava já com destino ao centro de Vila Real, era tempo de reconfortar o estômago, chegava a hora de almoço...
 
(Continua no próximo post)

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