domingo, 2 de fevereiro de 2014

AGITAÇÃO MARÍTIMA.

A J5 rolou nas calmas até à zona costeira, nomeadamente, até Viana, mais propriamente até à avenida marginal junto à Praia do Norte; seguindo um pouco as notícias dadas pela comunicação social que através dos serviços técnicos do IM (Instituto de Meteorologia) previam grande agitação marítima para o dia de hoje e nestes casos, um espectáculo natural, sempre agradável de se observar, assim como de retratar; relatos de uma espécie de luta entre homem e natureza, quando verificamos a tremenda violência com que milhares de m3 de água se abatem sobre as centenas de paralelepípedos que compõem o paredão da referida praia e que servem de barreira protectora a todas as embarcações que desejam entrar e sair do porto de mar e marina de Viana do Castelo, princesa do Lima.
 
"Fujis" no saco, peludos para dentro da J5 e lá se fez a Viana, o autor do blogue. Carrinha com as características da J5 é para ser desfrutada nas calminhas, sem stresses, e seguindo esse raciocínio o autor do blogue optou como quase sempre pela EN 202, apreciando entre voltas ao volante e afagos no focinho do peludo menor, nobremente instalado no banco destinado ao pendura, o peludo maior seguia deitado atrás, e conduzindo, o autor do blogue não lhe chegava, pelo que os carinhos ficariam para depois; apreciando, como afirmava anteriormente, a paisagem e os rostos daqueles com quem se cruzava sorrindo por vezes enigmaticamente quando encarando os não menos enigmáticos sorrisos daqueles, que em direcção da J5, sorriam também. A tarde de domingo estava soalheira talvez por isso fossem muitos os sorrisos daqueles, que tal como o autor do blogue, neste dia passeavam. Antes de chegar ao destino final uma pequena paragem em plena Avenida do Atlântico na estação de serviço para remover alguns verdetes, lamas e lixos acoplados à chapa da desgraçada, quando vitima (muitas vezes) dos tortuosos e lamacentos caminhos que autor do blogue, seu proprietário, a fazia experimentar, nas suas passeatas pela veiga e pelas redondezas de Lanheses. Após uma boa meia-hora de pistola na mão, uma dor de braços (resquícios da falta de exercício e muito cigarro fumado) e alguns borrifos de água, molhando o casaco à Corto Maltese, embora de tom verde; seguindo o sentido oeste, continuando pela Avenida do Atlântico, tempo da pausa para espairecer e observar o dantesco espectáculo da rebentação das ondas no paredão e no areal da praia do Norte.
Se o autor do blogue continua a acompanhar os noticiários e talvez por isso se tenha aqui dirigido com curiosidade, como ele, também outros milhares serão aqueles que acompanham as notícias e queriam ver mais de perto a dança dos elementos em fúria, e um dia de Inverno na Avenida do Atlântico mais parecia um dia de Verão tal a tremenda confusão de veículos e pessoas passeando pela marginal...apesar de ninguém estar no areal, apanhando quentes banhos de Sol.
 
Peludos apeados da J5, logo ali sem falsos pudores, aproveitando para instintivamente marcar território em todos os locais que os seus primos teriam escolhido anteriormente, marcando eles, território também, Fuji em punho, um longo olhar panorâmico pela costa e uma explosão de estupefação...Ventos fortes, águas rugindo em verdadeira fúria dantesca, gaivotas planando ao som dos ventos em pleno desafio às mais elementares leis da física, fazendo corar de vergonha Isaac Newton, caso as visse nesse momento desafiando a lei que descobriu e graças a ele todos conhecemos, a da gravidade, e milhares de milhões de salpicos de sal e espuma troando pelo muro do paredão da barra até se perderem no céu algo azulado aqui e ali, cortado somente pelos grandes aglomerados de Cumulus Nimbus, pairando no céu também, compunham este cenário aqui descrito.
 
O autor do blogue caminhou pelo passadiço de madeira até junto dos rochedos desfigurados por anos e anos de erosão provocada pelas sucessivas bátegas das ondas do mar, rochedos estes tão familiares a familiares pés que desde menino muitas vezes, em longas tardes de loucas e veraneantes brincadeiras, subiram e desceram aquele mini Evereste, vezes sem fim! O vento tão forte que estava provocava lágrimas nos olhos do autor do blogue e este, apesar de tanta beleza em frente de si, não estava comovido!
Tentando sacar o máximo de fotografias que pudesse e carregando o olhar no óculo da Fuji, obrigava a esforço e olhar sobre humano e assim secos olhos, pela ventania tocados, em breve se enchiam de lágrimas. Bramia um mar furioso em frente ao olhar de castanhos olhos, ao mesmíssimo tempo que castanhos olhos se transformavam num mar salgado pelo rosto abaixo, tocado pela inclemência do vento...eram dois mares num só, o mar da natureza e o mar do homem!
 
Era delicioso estar ali!
 
 
 
 
 
 
 
Para o autor do blogue, o mini Evereste dos tempos de menino, escalado em longas tardes de praia.
 
 
 
 
 
 
A fúria dos elementos...
 
 
 
Idem...
 
 
 
Idem...
 
 
Idem...
 
 
Tremenda violência...beleza no olhar!
 
 
 
Idem...
 
 
 
 
Ventos inclementes e gelados obrigaram o autor do blogue a recolher ao interior quente e confortável da J5, aquecida pelos raios de sol. O espectáculo estava visto e fotografado, era então tempo de voltar a Lanheses e encontrar, contrastando com o fervor citadino, a calmaria habitual lá para os lados da veiga e do Parque Verde.
 
Um último cigarro, peludos acomodados no interior da J5, chave na ignição - Prummmmm - e a J5, cortando caminho pelas belas e iluminadas, pelos raios de sol, artérias marginais de Viana, abandonava a cidade à sua sorte assim como à inclemência marítima!
 
Em breve, passados minutos de doce ronronar da J5, já se via o pico da Senhora do Minho coberto por uma cinzenta touca de espessas nuvens, a norte, contrastando com o céu limpo e azulado, a sul...
 
 
A dualidade natural é simplesmente arrepiante! Lanheses era já ali...
 
 

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