quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

(Des)ENCANTADO MUNDO BRANCO - A VIAGEM - 3.ª Parte.

continuação...
 
 
Chaves, a romana Aquae Flaviae, terra de termas e de saudáveis águas minerais, havia já ficado para trás, com ela ficava também todo o seu legado histórico que a humanos olhos se perfila, sempre que um viajante a visita. O colosso, conduzido pelo Sr. Pedro Silva, apontava a frente para terras espanholas, estava agora rolando sobre as belas estradas da raia, passando por Vila Verde da Raia para em breve atravessar a fronteira e entrar definitivamente por terras de nuestros hermanos.
 
E se por Chaves, o viajante mais atento se apercebe de que está inserido no centro de um imenso vale, mal cruza a linha imaginária que divide os dois países, logo ali tem a noção que a paisagem muda drasticamente e os grandes afloramentos montanhosos começam a surgir perante o olhar. A mesma paisagem mudando, adquire ao mesmíssimo tempo contornos de espectacularidade! O viajante sente-se pequeno, as montanhas mostram-se gigantescas...
 
O autor do blogue, instalado no banco destinado ao guia, deliciado se começou a sentir perante as maravilhas naturais que desfilavam pelo seu olhar à passagem pelas mesmas do colosso de dois andares. Dali a Sanabria seriam cerca de cinquenta minutos de saborosa viagem, onde a Autoestrada de las Rias Baixas vai languidamente serpenteando por entre colinas, montanhas e vales, ao longe um ou outro pequeno povoado, perdido algures nestes montes de singular beleza!
 
 
 
Deixando Portugal para trás...
 
 
 
Mudança de cenário...Espanha!
 
 
 
As primeiras grandes cadeias montanhosas surgiam no horizonte...
 
 
A internacionalização das viagens temáticas organizadas pelo SSVSA estava feita e daqui em diante, Espanha não será jamais um obstáculo, passará antes sim, a ser um complemento daquilo que de belo Portugal tem para oferecer em termos paisagísticos, ao viajante que o explora, de mãos dadas com a vizinha irmã, onde uma pequena pernada poderá sempre ser feita, complementando as belas paisagens que se vêem em território luso, com as não menos belas que se vêem em território castelhano. Ganha em riqueza a viagem, agradecem os enriquecidos viajantes, por provarem de tal experiência!
 
O autor do blogue sentia-se bem, apesar do contratempo matinal, sentia-se bem...
 
O colosso avançava e passados uns dez minutos de condução sobre estradas de relativo bom piso, entre curvas e rectas de profundo prazer, os picos montanhosos mais altos surgiam ao olhar deste grupo de viajantes, pejados de puro branco, que mesmo com a temperatura algo elevada para a época que se vive, o Inverno, mantinham aquela cobertura de pura cor e que era mote para esta viagem, o branco de neve...
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Gudiña ficava também para trás, os quilómetros sucediam-se, conhecido poiso de descanso para os homens que vivem da estrada, onde centenas de motoristas de camião, pernoitam em descansos a que por lei estão obrigados; terra onde impera o granito e que faz ligação por estrada, a uma das mais belas localidades que por estas bandas ocorrem, Viana do Bolo, a qual, o autor do blogue, aqui deixa recomendada ao amigo leitor, uma merecedora visita, tal a beleza da cidade localizada entre grandes lagos artificiais formados por um sistema de retenção de águas dos rios que desaguam no rio Tera.
À passagem do túnel que liga as terras de A Gudiña às terras de Puebla de Sanabria,  como quase por magia, descendo para um imenso vale, o clima mudou drasticamente e o Sol, com temperaturas amenas para a época, brilhava no céu; mau agoiro para o organizador deste evento que vinha em demanda, para além de novas paisagens e de novos povoados, vinha também em demanda de neve, o que se viria a revelar tristemente negativo, pois por Sanabria, com excepção dos picos mais altos,  a neve tinha toda derretido...o encantado mundo branco começava cada vez mais a tornar-se no desencantado mundo branco...!
 
Puebla de Sanabria ali estava impávida e serena no alto do promontório que a acolhe, mostrando-se bela e luminosa aos viajantes que a ela chegavam, banhada por um belíssimo sol de inverno, tristemente, para o autor do blogue, que desta vez desejava mau tempo, ou pelo menos, menos bom, e assim neve, nem vê-la!
 
 
Prenúncio de mau agoiro para o organizador! Bom tempo...
 
 
Puebla de Sanabria. Em português - Póvoa de Seabra.
 
 
 
Antes da estruturada no programa, visita a Sanabria, o colosso dirigiu-se para outro dos pontos míticos desta região, o maior lago de origem glaciar da Europa, criado e servido pelo degelo das grandes línguas de gelo que há 100.000 anos atrás cobriam toda esta vasta região, juntando-se num lago com 3.5km de comprimento por 1.5km de largura e com uma profundidade máxima de 53m. Se esta vasta região, do mar se encontra afastada e o clima no Inverno é rigoroso, na Primavera e Verão tudo muda, com enchentes de veraneantes, turistas e residentes também, que por aqui passam dias de pura calma em gozo de férias e deste lago fazem, o seu ansiado mar. Para tal, basta para isso comprovar a existência de nas proximidades das praias fluviais que ocorrem no lago, funcionarem quatro grandes parques de campismo, servidos por alguns edifícios de apoio, prestando serviços de restauração e comércio. Se no Inverno esta zona se pauta pelo sossego e desertificação, no Verão ganha uma imensa vida, procurada por milhares de turistas em busca do mítico lago, em busca de calma, sossego e paz...
 
O grupo que agora lhe chegava vinha de Portugal e quando o colosso, após cerca de 00.15m de estrada repleta de curvas e contra curvas se deteve, os viajantes todos eles lanhesenses, puderam por longos minutos e calmamente, apreciar a beleza da paisagem, com as águas do lago fustigados por uma brisa fresca, aliás muito fresca, e veladas pelo picos montanhosos cobertos de neve da cadeia montanhosa da Sierra de la Cabrera que as circundam na sua quase totalidade. O cenário que desfila perante o olhar do viajante que se detém em frente a este lago é soberbo, com os altos e escarpados picos das montanhas cobertas de branco reflectindo-se nas cristalinidade das águas do lago.
 
 
 
Estrada de acesso ao Lago de Sanabria.
Aqui, para os amantes de árvores, como o autor do blogue, ocorre um dos maiores carvalhais do mundo!!!
 
 
Por momentos e só, abstraindo-se de tudo e de todos, o autor do blogue absorveu toda a magia que aquela paisagem lhe transmitia; uma ode à natureza, onde tão e somente a natureza é rainha...Ali nada mais importa, ali, a alma sossega e se alma sossega sossegado fica desassossegado coração!
 
Era tempo de deixar os pensamentos para trás, setenta e um lanhesenses precisavam que lhes fosse apresentado o espaço e ali o foi. O autor do blogue a estas belas paragens voltará sozinho...sem explicações, sem conversas, um simples sentar junto às águas do lago, molhar os pés em crsitalinas águas, acompanhado da sua metade da laranja e fitar o horizonte, absorver toda esta magia...sentir-se vivo, sentir-se natureza!
 
 

 
 
 
 
 
 
Cruzeiro no lago, barco movido única e exclusivamente a energia eólica e solar. Combustíveis aqui = a zero!!!
 
 
 
Tremenda beleza! Para perdurar na memória...
 
 
 
Frrrriiiiiooooo...
 
 
Belas lanhesenses em tierras de nuestros hermanos...
 
 
Junto ao grande lago, mais parecia esta zona Portugal, ao invés de Espanha, tal a algazarra provocada por um coro de afinadas vozes portuguesas visitando estas paragens, com somente meia-dúzia de espanhóis timidamente manifestando e explorando as belezas destas paragens!
 
Caso para ser escrito, em Sanabria, Portugal conquistou a Espanha!
 
Visita feita, visita terminada, nova voltinha de apenas quatro quilómetros sentido norte, para este grupo se embrenhar nas fragas e picos rochosos da Sierra de La Cabrera. Ribadelago e a tragédia que ali ocorreu em 1959, seriam o novo tema de visita, na opinião do autor do blogue, ao delinear o trajecto deste Encantado Mundo Branco, como um dos pontos mais importantes de visita!
 
A aldeia, sofrida, esperava este grupo de viajantes...
 
continua...
 
 
 

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