quinta-feira, 24 de abril de 2014

Vilarinho da Furna - Antes da barragem!

PARA QUE A MEMÓRIA NÃO SE PERCA!



Documentário realizado por António Campos em 1971, inspirado no livro do professor Jorge Dias, que por estas terras passou alguns tempos estudando usos e costumes deste povo, que habitava uma aldeia localizada no sopé da encosta sul da Serra Amarela, virada para o rio Homem, rio que lhe deu vida e do mesmo modo mais tarde lha tirou, e que seguidamente resumiu no livro - Vilarinho das Furnas - Uma aldeia comunitária;  sobre a aldeia comunitária (uma das últimas) que ficou submersa depois da construção da barragem a quem lhe emprestou o nome.

Nesta aldeia, longe de tudo e de todos, praticava-se aquela que, no entender de quem estas linhas escreve, deveria ser a maior corrente política do mundo moderno, o comunitarismo, no caso especial de Vilarinho, o comunitarismo agro-pastoril, em que aliados por laços de amizade, familiares e de pura comunhão, os habitantes da aldeia se uniam em esforços e compromissos de palavra, para vencer as agruras da vida e partilhavam toda uma vivência, sujeita a regras muito restritas. Ou seja, a verdadeira essência do comunismo, não tivesse esta corrente política sido deveras deturpada no passado pela já tradicional ganância humana, que levou a grandes genocídios e a milhões de histórias de muita dor e de morte, a vida e toda a concepção que dela temos, seria muito diferente! Para melhor, óbvio...

Fica  aqui no blogue a memória de um povo, perdida no fundo e no silêncio das águas, mas que, com vídeos como este, urge preservar!

Em tempos de muito calor, mais pelo Verão, e com o caudal das águas da albufeira da barragem de Vilarinho das Furnas a cotas mais baixas, as paredes das antigas moradias de Vilarinho emergem do fundo das águas, estáticas e colossais, algumas quase intactas, numa perfeita alusão à sua existência passada, como que afirmando a quem as observe - Estamos aqui, estamos aqui...

Em anos de plena ditadura, tal como em Vilarinho da Furna, no norte da vizinha Espanha ocorreram situações semelhantes, nomeadamente na aldeia de Riaño, comunidade autónoma de Castela e Leão, que desapareceu do mapa quando ficou submersa pelas águas da albufeira de Riaño; aqui as autoridades antes de a albufeira se criar e encher de água, optaram por fazer desabar casas e outros edifícios, em Vilarinho, à boa maneira portuguesa, nem com isso se preocuparam e toca a encher a albufeira e alojar noutro novo povoado as gentes que ficaram sem os haveres de uma vida...

Talvez por esta coincidência, o tal não fazer desabar, o autor do blogue, abaixo escrito, agora possa sugerir!

Aproveite para passear, viaje até ao Gerês e junto a São Bento da Porta Aberta, tome a estrada com direcção à portela do Homem e à barragem, estacione o automóvel e dê um passeio a pé pela margem direita do rio Homem, após uns bons vinte minutos de saudável caminhada por entre bosques de pinheiro e encontros com muitos esquilos pelo caminho, chegará àquela que foi a parte mais alta da aldeia e se o tempo o permitir, assim como o baixo caudal das águas da albufeira, dê um passeio pelos caminhos da aldeia que normalmente estão submersos, por entre o amontoado de rochas e de paredes de casas esbranquiçadas pelo contacto com a água, mas que teimosamente se mantêm ao alto e sentirá por certo, uma estranha sensação...

Se lhe interessa ainda, pode subir pela encosta oeste da Serra Amarela e visitar Brufe, aldeia isolada e histórica como importante ponto de passagem para todos os que a salto fugiam naqueles tempos, a um regime tirano como o que se viva no Portugal de então em busca de melhores condições de vida e onde foram muitos também, os que se esconderam na fratricida guerra civil espanhola, ali bem na raia!

O resto fica ao seu critério, sentir ou não sentir...


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