TUDO SE CONSUMOU...

Faleceu um homem bom! Faleceu um homem simplesmente bom...tudo se consumou!

Poderia até aqui falar da revolta e angústia que sinto por ver partir aos sessenta e sete anos o meu pai, mas prefiro antes, tal como ele era, um ser doce e sereno, relembrar aquelas serenas e doces lembranças dos tempos de menino...Os passeios de bicicleta no Dia da Criança, as idas à mata atrás dos grilos com uma palhinha de verga na mão, quando chegavam aqueles dias quentes de primavera, os lanches na esplanada do Pascoal, os abraços e os sorrisos, os brinquedos em madeira que elaboravas com mestria, os jogos de cartas à noite em casa, a mesma casa sempre repleta de sobrinhos que brincavam e contigo foram crescendo, a tua voz quando me chamavas para te ajudar a montar o presépio, o montar do mesmo e do pinheirinho por alturas do natal, os passeios, as idas a Famalicão aos avós e aos teus irmãos que tanto amavas, as primeiras rugas, os cabelos brancos...enfim tudo!

Não existirão no mundo palavras para descrever a dor que sinto, apenas me resta consolação de te ter amado como um verdadeiro filho, tal como me ensinaste como um filho deve amar o seu pai...

Com os olhos marejados em lágrimas, te deixo a derradeira homenagem, a homenagem das homenagens dignas somente de um pai como tu o foste, um pai calmo, sempre presente, doce e sereno como tu...

Amar-te-hei eternamente!

Eu...já não sou eu. Vinte e cinco por cento de mim, morrem contigo!