segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O LIBERTINO POEMA QUE NÃO GOSTARÃO

Aviso:

Vocês não gostarão deste poema!
Vocês não gostarão de mim!
Rima, canção, enfim...dilema,
mas quis este poema, que fosse redigido assim!

Ao belo som deste piano
afasto assim o desengano...

Damas de companhia
aqui dai-me uma alegria
deitado em escuro chão
nú, despido de qualquer gratidão,

Ao belo som deste piano
afasto assim o desengano...

Longas horas de prazer
corpos enrolados num belo ser
orgia de sentidos
em muitas pernas e muitos braços unidos.

Ao belo som deste piano
afasto assim o desengano...

Dai-me vinho, branco ou tinto,
dai-me um copo ou uma garrafa,
com eles a verdade finto
sou capaz até de ser uma girafa.

Ao belo som deste piano
afasto assim o desengano...

Gritos de dor, gritinhos mudos de prazer,
as damas de companhia
para minha alegria
possuem meu embriagado ser.

Ao belo som deste piano
afasto assim o desengano...

Dai-me mais vinho
que eu todo o beberei
e aqui em sensual ninho
com as damas de companhia me embriagarei.

Ao belo som deste piano
afasto assim o desengano...

Dai-me letras e palavras, sinto-me Rei,
dai-me sangue suor e lágrimas
que das palavras, em lágrimas,
embriagadas rimas farei.

Ao belo som deste piano
afasto assim o desengano...

Dai-me assim grandes lutas
dai-me assim tudo o quiseres
as damas de companhia viraram agora putas
e saciam em mim orgásmicos prazeres.

Ao belo som deste piano
afasto assim o desengano...

Juntai-vos às putas, homens também,
juntai-vos com os vossos falos erectos
juntai-vos a mal ou a bem
com os vossos falos tesos e rectos!

Ao belo som deste piano
afasto assim o desengano...

Dai-me Mundo, o divino prazer,
de tudo o que é excitante experimentar
e se novo tiver de morrer
ninguém o ouse lamentar.

Ao belo som deste piano
afasto assim o desengano...

Dai-me comida, em brancos pratos de fartura,
dai-me doces banhos, em brancas banheiras de doçura,
dai-me sexo, comida, vinho, deboche, religião, 
dai-me odores, tacto, loucura, prazeres, em libertino coração!

Ao belo som deste piano
afasto assim o desengano...

Dai-me por último o maior dos prazeres!
- Juntai-vos todos a mim nesta libertina orgia!
Impróprias sensações em biliões de seres
que libertinamente desejava retratar, numa libertina fotografia!

Ao belo som deste piano
afasto assim o desengano...

E assim num desatino
em poema que vocês não gostarão
foi composta de modo tão libertino
esta libertina composição!

Ao belo som deste piano
afasto assim o desengano...

Eu avisei de antemão!
Este é o libertino poema, (em treze quadras), que não gostarão!


IF - Michael Nyman.


(do autor Sérgio Moreira)




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